No dia seguinte...
Pode ser que fosse muito cansativo - pegar tres conduções prá chegar lá no Gazômetro -
( nunca sabem onde fica o Gazômetro - acho engraçado isso; seguindo pela Mauá, essa grande ao lado da Rodoviária que vai margeando os armazens do Cais, vai haver uma grande curva- lá tem uma espécie de estação - onde antigamente ficava uma usina de gazogenio- usado para as Luminárias das ruas de Porto Alegre...)
mas, mesmo assim- foi o que fiz por uns meses.
Pegava o São Leopoldo - na Victor Hugo Kunz, decia em São Leopoldo na estação do Metrô , quarenta minutos depois, pegava o metrô e mais cinquenta minutos : chegava no mercado público em Poa.
Dali caminhava uma quadra, entrava num outro, um São José, e logo - daí levava uns 8 minutos... chegava em frente do Gazômetro.
Poderia fazer esse trajeto a pé... e o fiz muito, quando morei cerca de um ano na Restinga... indo da parada do onibus na Borges , pela rua da Praia
( Andradas ) até lá ... a passo bem rápido, levando 30 , 35 minutos... com meu carrinho de viajens e minha mala com meu artezanato... aos domingos...pela manhã .
Tres(onibus) para ir e tres para voltar:
seis.
Seis no domingo e seis no sábado... pois no sábado ia para a Redenção das duas às seis da tarde...sendo mais cansativo ainda pelo período mais curto de trabalho e maior de deslocamento.
Esse detalhamento todo - na realidade - para pensar porque parei de ir... como vou fazer para voltar- se for possível, pois é preciso trabalhar...
e lá é um dos poucos lugares possíveis... principalmente, por ter deixado amigos de feira ,
e um reconhecimento mínimo do trabalho
com retratos a carvão...do qual realmente
ganhei o sustento.
As peças em papel mache - sendo a minha especialidade a variação - papietagem- vendiam pouco... mas até vendeu-se escultura, ( de cabeça, de gato) ,agendas, bule, xícaras, rosas, colares, espelhos, jogos de memória, maletinhas, caixinhas, interessante isso!
Mas para os retratos - faziam fila... não dava nem para esticar as pernas...
Só que levava lá seu tempo... e se cobrava pouco - dez reais uma pessoa ; quinze reais, duas....um dia muito trabalhado para ganhar sessenta reais... desconte os onibus, o lanche... o material... empregado...
e ... bom... o preço da barraca que é alugada...Sim; quase inviável.
Na verdade , tive duas quedas severas - em que numa, luchei o pé esquerdo; na outra tres meses depois, o joelho direito... Físicamente , menos agil... estacionei por uns meses... obrigada a pensar em tudo ....
No último ano, viveu-se um desafio imenso de trabalhar pintura e papel mache com adolescentes de escola estadual uma vez por semana - durante o dia todo -( 4 turmas) em município distante uma hora de onibus, sendo necessário pegar mais um até o que levava próximo à escola.
Era preciso levantar as 5 da manhã para não perder a hora. E voltar para casa sete e meia da noite por não haver outro horário para vir embora.... Exaustivo...Para ganhar 220 reais tirando 40 de onibus, mais algum lanche ou material que fosse acrescentado para o desenvolvimento das atividades...
De fato uma grande dedicação mais voluntária e mesmo sendo bastante frustrante ... numa série de aspectos foi levado até o fim com muita luta- e com pequenas conquistas e glórias inesquecíveis- apesar de tudo... do mes de abril a dezembro de 2011.
Em março de 2012 - com as quedas e as limitações físicas de caminhar devagar... fomos a uma nova escola para uma experiencia semelhante; mas não pudemos dar continuidade; emocionalmente não tínhamos mais força para dar conta
do desafio novo , em lugar desconhecido, com pessoas novas, regras diferentes... enfim... desistimos ; estacionamos.
Graças a Acumpuntura superamos os problemas depois de tres meses de tratamento e passou a ser imperioso analisar o que vinha sendo feito e o que deveria ser feito dali em diante....
Impressionante como nos abate o dia seguinte de um grande abalo em todo o nosso ritmo de vida...
Parece que não se fez nada nunca antes e que sempre se esteve estacionado vendo a vida passar...
Preocupar-se muito com o que os outros tem a dizer sobre sua vida; Abrir comportas por onde mexeriqueiros possam entrar e chafurdar a vontade... ; permitir que imaginem o que não existe.
Tudo tem influencia na sua vida.
Manter-se com saude tambem depende de estar a salvo dessas ervas daninhas que toda sociedade deixa crescer, permite que se alastre por todo lado ...se afogando, se enredando muitas vezes por puro acidente de percurso...
Aprender a viver é mágico, sobrevoar canions, desfiladeiros íngremes; ir ao encontro de suaves, quentinhas , acolhedoras, compreensivas e sábias , pessoas de sua familia ou de seus amigos... não precisava ser um conto de fadas ,
deveria ser nosso dia seguinte ...
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