domingo, 17 de fevereiro de 2013
UM POEMA DE HESSE para o culto do domingo.
POEMA DE HESSE para o culto do domingo.
Satisfação de pintor
Nos campos crescem cereais , custam dinheiro ,
Os prados cercados com arame farpado.
Assim feitos pela necessidade e ganância ,
Tudo parece enclausurado, estragado.
Mas, aqui, em meus olhos habita
Nas coisas uma outra lei,
O violeta se dilui e a púrpura domina,
suas inocentes canções cantarei.
Amarelo com amarelo, amarelo e vermelho
unificados,
O frio azul levemente rosado ,
Luz e cor revoam de mundo em mundo ,
Se curvam e colorem em ondas de amor.
O espírito que tudo cura, domina,
De novas nascentes o verde ressurge,
com bom senso a terra será dividida,
Nos corações reinará paz e alegria.
( do livro "Caminhada" , Hermann Hesse- pag.62. editora Record, 4a. ed. RJ.)
Segundo observado no livro , esse foi o nono do autor, que filho de missionários do cristianismo na India, foge de um seminário de teologia.
Na verdade , conheço pouco desse autor , talvez mais uma ou duas obras mas sempre paira na memória sua obra permeada de aquarelas o que faz querer reler , voltar a elas...
No início dessa "Caminhada " ele diz: ...":-
..."Aqui, nesta casa, eu me despeço.(...) Sob muitos aspectos o andarilho é um ser primitivo assim como o nômade é mais primitivo do que o camponês, mas é o desdém pelas fronteiras e pela vida sedentária que torna os seres como eu os guias do futuro .
(...)
Não há nada mais detestável do que fronteiras , mais estúpido , são como canhões e generais: enquanto há paz, humanismo e sensatez, é como se não existissem. Até zombam deles , mas quando irrompe a guerra e a loucura, tornam-se santos e importantes.Que cárceres e sofrimentos representam para nós andarilhos, durante os anos de guerra!"
A leitura de sua "Caminhada " faz ver que alguem o acompanha, alguem que seria um grande músico a se apresentar em alguns países , cidades, trajetos que fazem sem que se veja o diálogo só aqui e ali fique presumido pelo relato de seu jantar , de um vinho compartilhado. Mas um tom simples, despojado, modesto e crítico , singular e poético, sem descuido com um mundo de cultura contemporâneo narra uma andança e um descrever de casas e paisagens e igrejas e vida de flores,florestas, ceu, igrejas, povo, vai ao nosso encontro o tempo todo nos levando junto a caminhar.
È comovente sua revisão em que avalia a beleza da vida de pastor e dito por ele :
..."-:Passar por essa bela casa desperta em mim uma áurea de saudade e de nostalgia . Saudade de silencio, de calma e burguesia, nostalgia de camas confortaveis, bancos de jardim e olores de cozinha. Mais ainda sudades de uma biblioteca, de tabaco e de velhos livros. E na minha juventude, como desprezei e zombei a teologia!Hoje sei que ela é uma erudição cheia de garbo e de magia. (...)
Com delicadeza e finura ela trata das coisas íntimas , amadas e etéreas, com misericórdia e salvação , com anjos e sacramentos.
Para pessoas como eu, seria maravilhoso viver aqui e ser um pastor."
Sei que pode ser chato um texto cheio de citações... Mas não sei como não fazer leitor novo de Hesse sair correndo para querer lê-lo... Olhe bem - que jeito lindo e simples e verdadeiro de se colocar e dizer o quer dizer! Merecidamente foi um premio Nobel.
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