quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bob Junior

Bob Junior


Não  ninguem avisara que ele estaria lá; Bob Jr. foi a Feira pelo fato de que seu paizinho tinha levado um fusca verde ....( olha nem se sabe descrever - o tom do verde do carro - não era verde exército brasileiro  mas quase... algo assim parecido) para uma pequena Mostra de carros antigos... e ele fora junto.

Quando chegara lá na exposição dos artistas ele estava - no colo do pai, sentado como um reizinho... lindo!
Sua mãezinha querida o afagava de vez em quando...Ao ter deles se aproximado falaram de animais de estimação em que seu cachorro o Quiniee e sua ex gata (a Mili) foram assunto tambem...

Ao que menos se esperando pediram-lhe que retratasse Bob Junior...!
 Então o fez do melhor jeito que pode... ele sentado no colo do pai...
com sua cabeleira branca , castanha e dourada abundante esparramada e natural
 pois não era desses tosquiados por aí...

Não não havia nem de longe uma suspeição sequer do que se passava em seu coração que estava despedaçado pelo despejo que vivera de última hora do lugar de trabalho junto a outros colegas por estar segundo uma porta-voz- atrapalhando as vendas do estand onde fazia retratos... na grande Feira.

Sim - entendia sim... Pedia desculpas mas então tentaria ficar junto aso artistas plásticos-
 para fazer lá seu trabalho pois ainda poderia ganhar algum dinheirinho no último dia de Feira...
A presidente da Associação dos artistas já a convidara, gentilmente, pra ir ficar junto a eles - os
dois outros artistas que estavam cuidando da exposição dos associados
e pintando ao vivo enquanto atendiam ao público
 de enorme volume e circulação no último domingo ...

Pensara tanta coisa ao mesmo tempo... como- porque de novo ficava na mira
de tamanha molecagem... !?
Arrastar suas coisas aos olhos de injuriados, contrariados personagens
que poderiam ser de seu estand mas nem eram; que poderiam estar oferecendo ao público
seu  artesanato criativo mas nem o estavam (pois alguns até optaram por comercializarem bijuterias comuns de lojas afins...) e outros traziam os croches, os enfeites de portas, os panos de pratos,
 artigos de natal!Pois o natal vem aí!
Enfim eram livres para comercializarem o que quisessem... Mas em algum momento,
 em discreta reunião concluiram em seu estand que os 60 cm quadrados
que lhe haviam cedido para fazer seu trabalho de retratar as pessoas
 que o quizessem- estavam na verdade, inibindo as vendas...dos outros.

Não havia o que discutir; melhor seria ir-se.
A injunção do espaço ser da economia familiar do bairro ( ou da zona rural) do municipio
 poderia ser suficiente para saber-se fora de lugar... pois nem sendo artezão daquela area,
mais motivo para esperar algo que não haveria mesmo - espaço para um trabalho de sua arte... realizada em espaços públicos há mais de dez anos...

Nem sempre bem sucedida -mas com profundo e humilde propósito
 de promover o autoconhecimento e o desenvolvimento humano...
uma arte peculiar que não traz precisão técnica mas uma doce interpretação
 de um olhar a um dos infinitos ângulos que a face de uma pessoa apresenta ao mundo
quando nele se move e diante de sí se demora por alguns curtos minutos
para que se imortalize uma dessas feições
 num pequeno flagrante entre artista e retratado...
num sério e difícil original para -ambos...!

Bob Junior , inocente cãozinho, no colo de seu dono , com sua protetora ao lado ,
 vieram como um bálsamo inesperado e terno ,
 na realidade cheios de ternura e amor -
num contexto completamente doloroso- de desencanto e tristeza ...!
 Com o corpo cheio de agua - como dizem os macrobióticos,
estivera chorando o caminho todo - do  estand até o outro lado da feira-
 onde se encontravam os artistas.

Bob descera do colo do paizinho e viera até ela pedir carinho...!
Sim foi uma espécie de entendimento de alma... pessoa e cachorro
 estavam numa sintonia de paz e isso era tudo de que ela precisava...!

Quando decidiram fazer um retrato do Bob, e o colocaram no colo -
foi realizado um tipo de figuração de seu rosto cabeludo... apenas... !
Muito modestamente e nada pretencioso...

È difícil acreditar mas foi sua meiguice de cachorrinho
 que fez com que nos voltasse a confiança no ser humano... havia pouco estremecida...
e era incalculável o bem que  resultara poder realizar o retrato do bixinho!

Adoraram o  trabalho e pra concluir pediram ainda um retrato do fusca!

O fusca era de 1953, um lindo e conservadíssimo exemplar dessa produção da Wolks que entrava agora tambem pra sua produção de registros artísticos... permeados de revezes
 e de pequenas e inesperadas glórias...!


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