quinta-feira, 27 de junho de 2013

27 de junho, dia da mãe.

27 de junho, dia da mãe.





Seria dia de um bolinho de aniversário de minha mãe Regina, hoje , 27 de junho- seria dia de seus 88 anos de vida .

Falecida em 12 de novembro de 2008 de um desses Avcs, depois de cinco longos e sofridos anos de padecimento com a coluna, a perna ,o braço que não queriam mais se  mover e alem disso- inchavam e doiam muito... tornando a vida imobilizada, os dias longos e sem sentido, o humor intratável, de revolta de quem não poderia se reconhecer sem autonomia em tudo... 

(Difícil dizer porque as coisas mudaram tanto ...
Quase impossível recuperar quando foi que tudo se transformou num percurso de mudanças estranhas e imprevisíveis em nossas vidas.)

 Dia de aniversário era muito peculiar- as primas do lado materno - sempre as mesmas- vinham para o café da tarde.

Na mesa, a toalha antiga com tecido simples ( de antigos sacos de farinha) bordado por ela mesma.
Pratos de sobremesa pintados em aulas de pintura em porcelana- num dos ene cursos desses, que as mães da gente fazem para aprefeiçoamento de sua vida doméstica.

Para o bolo e uma torta de bananas (maravilhosa!) e o  pão feitos em casa; como o patê-  misto de azeitonas, maionese, um pouco de cebolas verdes e brancas, algum tipo de embutido de que não lembro mais exatamente... ;canudinhos feitos por ela ( a massa inclusive) recheados de maionese de batatas; com um pouco de sorte- pastéis de carne (com a massa feita por ela tambem) e café bem quente e gostoso , servido em bules  grandes de agata - um azul marinho e o outro, verde pelo que me lembro.
A mesa farta e perfumada, com as "coisas da Reguina", são inesquecíveis e insubstituíveis por qualquer dessas espécies inssosas e caras  da  padaria de hoje em dia....

Entre os presentes, algum corte de tecido ;  flores  sempre; e cartão de felicidades.

Alegria, falação em polonês( em que a gente ficava "boiando"),0s elogios recorrentes porque tudo era muito saboroso naquele " lanche " que ela preparava com muita rapidez e carinho.

 Nesse dia eu era chamada pelo meu nome de batismo- Lidia. Lídia prá lá, Lidia pra cá- contrariando o normal da vida que me instituiu como Fátima, pela iniciativa de meu pai , árabe, muçulmano ...cuja mãe assim se chamava - (além da filha do profeta Maomé) e ao que parece - a quem ele homenageava   assim me nominando - em cartório de registros da época, a revelia da vontade de minha mãe que desejava para a filha o nome de Ligia.
Mas esse nome não fora considerado santo então, o padre na hora do  batismo- sugeriu que fosse Lidia... pois era de santa e então permitido para o batismo na igreja católica.
Dessa forma ficaram contentados  tanto pai como mãe e respectivos familiares e amigos...

Mas , hoje ainda é aniversário da mãe. 
No coração da gente, esquenta uma saudade
desses idos anos de alegria e descontração
 em que nada importava mais do que esperar a vinda das queridas primas e de alguns amigos... e a hora de cantar o:-
 "... parabens prá voce,
 nesta data querida,
 muitas felicidades, 
muitos anos de vida"...

As contrariedades entre sí, coisas ditas sem pensar, mal entendidos inexplicáveis , imponderáveis, tornaram os últimos trinta anos de sua vida, muito diferentes...

 Nem é bom pensar nas inúmeras ocasiões em que se parava pra pensar no que teria ocorrido a ponto de desviar a alegria de sua vida asssim...!

Enfim,  sempre foi criativa e pessoa de muito mas, muito trabalho... Suas habilidades em costura, crochet, tricot, pintura ,( cultivo de plantas ornamentais ) preenchiam sua vida dia e noite e de modo organizado ; fez parte de toda história da feirinha do domingo , no Largo da Ordem, frequentando-a com seu trabalho artesanal por cerca de 14 longos anos...

Histórias de participação nas reuniões... coletivas tomadas de decisão, convivio e aprendizado de rica e sofrida solidão.

Os filhos , cada num um canto do país; 
sobrava o trabalho , a saudade e a solidão.
  As amizades construidas nesses anos de feiras,
 fizeram companhia, em vários sentidos, incorporando até laços de familiariedade em que  partilhavam uns, da vida dos outros - suas alegrias e tristezas... coisas da vida de todo mundo, nesse mundo de meu Deus! 

È provável que algumas pessoas que a conheceram, lembrem dela- no dia de hoje ( como em outros dias tambem!) e lhe enviem um abraço e um beijo - seja lá onde estiver ...

Poderia dizer tanta coisa mais sobre ela.
Mas não sei mesmo o que dizer mais, agora.
Que sinto saudades...que espero em Deus a verdade de outros mundos e o reencontro ; 
um bolinho daqueles com côco, fubá e passas; sequilhos e 
um chá mate, quem sabe?







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