IBERE CAMARGO - UM AVANÇO AO SIMPLES...
Carretéis em pastel - Ibere Camargo
(18.11.1914-09.08.1994)
Falar de obra de Ibere Camargo é como sempre que se falar da obra de todo e qualquer artista -: correr riscos de olhar pouco e mal ...
Que valores nos perpassam quando olhamos para o percurso de um artista brasileiro - que viveu recentemente sua história de arte e que desenvolveu aspectos de sua vivencia nos quais nos defrontamos com coisas tão simples como seus carretéis...?
Pode-se dizer que na casa de alguem ( que não seja de um profissional da costura) - hajam carretéis rolando pelo chão e até fazendo parte de brinquedos de alguma criança,
hoje em dia ?De fato, é quase impossível!
Mas há 50 anos atras não; isso era comum
e não admira que o grande artista gaucho contemporâeno
tivesse olhado para esse componente da construção do cotidiano de nossas sociedades dando-lhe um relevo de obra de arte que faz pensar e sentir à profundidade - emoção vivida no inteiror das casas em que se costurando roupas por exemplo, para vestir pessoas de todas as idades (se poderia dizer ao relembrar as consequencias das grandes guerras e mesmo depois delas na história recente- ) num trabalho de onde se sustentaram familias inteiras...
Mesmo sendo improvável encontrar o real motivo
de sua apropriação - seu sobrevôo como artista aponta
para a forma de infinito
que se ve no desenho de um carretel -
e o singelo ponto e a singela linha em que culminam...
só para os inadvertidos poderia acabar em resumo
de uma complexa e obsessiva produção
em que Ibere se ocupou - e que ainda hoje -
ao olhar obras com suas fortes e densas pinceladas
com os carretéis lá esboçados
me fazem chorar convulsivamente -
sem querer e sem poder explicar
a não ser pelo fato de que
num sentido poderoso de sua intuição artística
Iberê -
nos mostra caminhos de simplicidade
de tradução
de nosso tempo fazendo crer que
quanto mais enxergarmos essa realidade
mais ali mesmo nos edificaremos.
Carretéis inspiradores de seu atelie
Não há poder em uma obra -se ela não nos emocione...
falando conosco direto a nossa vivencia,
aos nossos sentimentos e ao coração...
e nas cores
ficam as marcas desse sentir e
dessa comunicação que pode ou não
importar pra nossa vida...
De que vale uma obra de arte em nosso caminho...?
Sendo o que de mais valioso aconteça
-encontrado uma vez em sintonia
com o mais profundo desejo
de ultrapassar
o opaco emaranhado de fios sem fim
que podemos representar
se não sairmos á luz do dias ...
e que um
pode nos incluir no olhar,
a não ser um visionário artista?
Aí mesmo encontrei Ibere...
(e quase morri de tanto que precisei chorar)
de emoção tão forte
que isso representou...na minha vida...!
Não filiar-se a escolas , manter uma sensibilidade ocupada com a dor no mundo, percorrer os espaços nobres
dedicados a arte contemporânea e
se reunir
em uma Fundação espetacular
dedicada a sua obra mas, aberta,
para acolher os melhores artistas
de todos os tempos,
com a qualidade dos grandes museus do mundo,
tendo como cenário frontal o maravilhoso Guaíba
que olha para Porto Alegre
vibrando suas aguas no colorido impagável
de suas cotidianas conversas com sóis,
luas e estrelas -como a fitar e conter
o infinito
de suas ponderações
num espelho inacreditável
de tão real e visível,
concretizado , paupável...
legado de uma vida
em obras... de arte!
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