domingo, 16 de dezembro de 2012

New-Collection- 2012 T-shirts- Fafámohamed creations

 


Olhando assim , parece que  nada aconteceu- mas tudo foi uma grande torção de músculos de fina motricidade em que no tiro de meta- venceu a proposta mais simples...


Mudar dói profundamente- em todo  sentido , pois está na organização física da vida da gente a instalação de que se emana a produção do dia a dia 
e não  pelo olhar de quem passa assim , ligeiro ,
fica parecendo que se está falando em uma mesa, uma cadeira, uma panela para fazer cola de trigo, umas caixas de papelão para recortar
suas peças de papel mache, uma caixa com papeis para recobrir suas peças,
um espaço para deixá-las secarem,
uma caixa com materiais de acabamento, 
outra caixa com materiais de estudos e pesquisas, outra caixa com peças de protótipos,
mais uma caixa com registros de  oficinas ministradas, fotos , documentos  de curriculo;
uma  caixa só para jornais usados para  o trabalho de corporeificação das peças...
outra caixa com livros- ensaios sobre os trabalhos desenvolvidos...ainda não publicados ; 
e livros da tiragem dos mil exemplres - 
da edição que completa nesse dezembro -

 dez anos de sua primeira edição-

Papel mache e seus usos- pela Fundação cultural de Curitiba, Voupar, Transresíduos, Slavieiro e Banco do Brasil, financiador este último de 50% da obra!

 São 16 anos de trabalho numa luta -desenvolvendo um caminho original se- e quanto possível, de reciclagem de  resíduos sólidos urbanos, na técnica milenar do papel mache- sendo a toda hora questionada sobre a validade desse aspecto artístico :"...
- a senhora acha que isso é papel mache?"

chato, enjoado, cansativo, humilhante e atroz,  que fazer- se já cato no lixo , na rua, minha matéria prima de trabalho, ainda mais:- querendo o quê mesmo estarão os perguntadores da  hora? 

A gente nunca sabe... 
Até porque, não se iluda- quem pensa que o " fazer de mãos"- ( ou "de coisas manuais") despreocupa a cabeça... esvazia a alma e deixa o sujeito a sós com seus botões?!...
Nada disso... te joga lá - na sarjeta do mundo, te mostra onde está a escressencia da miséria 
que nem no intelectual  teu amigo se salva da vaidade da autoria de uma saida pobre...do tipo-:"estamos ajudando a população a se organizar- agora: olha só... estão ganhando o seu salário mínimo, que bom!"
"-...Que que é isso companheiro"?, para parodiar o que até já ficou velho de tão ultrapassado... 
que nem alerta mais ninguem... 
Que dureza...

Bom.
Não - não cansei exatamente- adoeci.Só isso.

Todo mundo adoece, por isso  ou por aquilo e os que adoecem no mundo do trabalho são os mais esquisitos... ninguem os estuda direito... algumas doenças do trabalho já avançaram e hoje 
estão sendo cuidadas como devem... não sei bem...

Mas conheci por dentro o mundo do trabalho artezanal e falo de cátedra... nesses anos todos... Ninguem tem coluna, saudável... praticamente, ninguem...
Todos sofrem horrivelmente de problemas de infecção aguda nos ligamentos - por uso repetitivo... anos a fio... de mãos , braços... e  não é sabido se o que gastam com medicamentos compensa no que ganham com o trabalho que produzem. 
As injunções da instabilidade  do dia a dia 
das vendas  ninguem dos que comercializam
em médio ou até em pequeno porte, podem
 imaginar o quanto desorganiza o emocional, entristece, a senssassão de derrota, o senso hercúleo de renovar sua fé e voltar na próxima feira, acreditando, apenas acreditando... 

Vamos deixar o aspecto da dor prá lá... por enquanto...só por enquanto... eles dizem uns aos outros... depois a gente fala nela!

 Economia forte, dos pequenos artesãos , já se constatou   enorme potencial de autoempregabilidade e produtividade alem de divisas na exportação de identidade cultural , cívica , do pais... indispensável, inencontrável em nenhum outro setor...com a mesma carga de autenticidade...

Então - valores.... muitos a serem discutidos e acrescidos nesse mundo do trabalho que não precisa tornar-se competitivo- precisa só ser simples e autentico, ter a marca do artista, ser o artista falando de seu tempo, de sua terra ao mundo, conversando com outros povos, ao seu modo  se aperfeiçoando, sem ingerências de tecnologia alguma( o que seria mortal) respeitado em seu bioritimo,  sendo escolhido ali  livremente pelo que  vem em busca da identidade do pais que visita... 

Sim - é preciso um plano de saúde especial aos trabalhadores manuais... pode ser dentro do grande Monstro INSS- mas temos que olhar para que não adoeçamos nossos artistas... as custas de sua arte...mal recompensada; não precisa ser assim.... somos inteligentes... temos muito a fazer para ajudar e podemos faze-lo...
Significa recurso- significa- não aos "encostamentos corrutos e mentirosos" - mas medidas  que funcionem - curem, sustentem- enquanto isso... humanamente...justamente com resultados bons para todos.

Passei esse ano todo - doente.... muito triste...  me tratando com uns poucos recursos de que abri mão para isso - fecho o ano contente  pois lanço uma moda- fafamohamed criações- nova coleção-2012.

Vou experimentar em ingles- dizem que dá sorte... Quem sabe um caminho novo... Não durmo mais sem dormência nos braços, são os tais ligamentos que pifaram... sou obrigada a mudar... aquelas caixas todas ... vão sair do circuito devagar, mas vão... não vai mais ser possível...
 Adoeci... e  estou me tratando e mudando para  sarar... devagar, bem devagar...

Deus salve os artesãos!
Que o nosso sindicato tenha novas e melhores conquistas... que não fiquemos mais nos fazendo de fortes amedrontados em perder os poucos espaços de liberdade de trabalhar que conquistamos com tanta galhardia 
sobretudo com arte  e criatividade nesse mundo ainda por construir...

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