quinta-feira, 23 de maio de 2013

Cotidianos

COTIDIANOS



I-Num bom dia

acordar e num dia de sol
olhar para dentro do quarto e dizer 
um bom dia
se há tanto por fazer
bem que eu podia esquecer
e sair e ter apenas 
um bom dia...

mesmo pensando a revelia
da dor de não ter uma escolha
desperto e saio
andando olhando bem ligeiro
há um estreito vão
entre o muro e a rua
vivo pensando que não há escuro
pode ser iluminado por fagulhas 
de um olhar
pode ser apenas uma miragem de vagos
e tardios lances de uma pobre tarde
 em que nem nuvem nem país
nada importava porque era tarde
tarde mesmo
muito real e finda tarde

nem sei se poderia
ter sonhado com um bom dia
não quiz fazer disso
um drama
assim

sair como todo mundo
em todas as direções
qualquer uma
 pode ser que nem escolhida
apenas seguida
cooptada
oprimida
e furtada de uma vida


II Premio do dia-

Uma roleta que gira
um número 
só um vai dar
um premio
um premio do dia

parar de girar não pode
sua missão
sim é para girar todo dia
em busca de dar a alguem 
um premio
para ser vida
de rei
uma vida importante
de um premio que vem 
pode tirar tudo num horizonte
bastante longo de escolhas

mas quem quer só o premio 
da roleta que gira?
quem sabe num dia uma vida de escola
batida de lei e obrigações
regras e perfis
planos e escalões
parteira de cidadãos
num brejo de vocações?

nem o valor de uma sobra de carteira
jogada ao léu numa sargeta
poderia salvar a carreira

Podendo ou não 
caminhar no estreito e mareado
caminho de um encontro
marcado pelo único e vencido 
bilhete comprado

Vai estar entre milhões
artistas ou não 
fazendo viver
a melodia
de um poder
ficar e ver
pelo simples prazer
a luz de um dia...

acontecer e vencer pelo melhor
mais sutil e feroz
dos guias
uma múltipla e diferente
saudação
ao dinossauro
de uma manhã perdida .


II- Hora devida

devia ser hora
pronta agora mesmo para sair de fato
de um martírio entrecortado pelo primeiro, segundo e terceiro
atos...

que drama
um tanto fora de hora
nem ser pra tirar um lugar
uma sorte premiada
uma qualquer que fosse
outra espécie de vida
para ser apenas uma melhor dádiva

uma dona prometida
que fosse pública e sincera
contemplação de fúrias
 de ventos de tempos em tempos
nos templos
em pastores e arremedos
ruminantes 
e azedos
de uma pátria ignorante e falida que nem busca já encontra
nas esquinas com mármores e confortáveis
poltronas

o seu próprio missal, sua bastante oração
um efeito temporal
num discurso milenar
de seus atores principais
pondo em seus chapéus toda sorte
de dons materiais...
pois eles podem precisar de ver
na geladeira o caviar
impune de uma fome desmedida
de comer dos outros por uma vida
todo seu poder de doação

enfrentar esse martírio
essa visão dantesca e remediada
conforme o canto uma  canção
cheia de mel
outra vez um ode ao ceu

pura loucura de solidéu
terno e gravata,
num esquife que se renova e dilata
como uma veia entupida de fel

lixo humano, lixo orgânico
prá todo lado
num festival de pecado
pura feitura de renovado portal
nem vai nem vem
parado no espaço sideral
convencendo quem tem algo a dizer
que se cale

que viva sua vida medíocre
que fique calmo e não se irrite
pois nem no verão houve brisa
mais suave...

III- Queridos!

Nessa meia hora
parei pra pensar e agora?
Lavar lençóis,
dar banho no cachorro,
sair e comprar pão, ovos , batata,
tomates, algo mais?
Sim é preciso mesmo que fique indeciso
o corpo tem que se alimentar

num vai e vem de hora que passa
ligeira e fisgando  o seu melhor
precisa parar e olhar o bucólico  e natural
que fazer de qualquer dia...

mesmo sem poder se dirigir diretamente
a alguem
todo mundo está correndo ,
menos eu,

vi num poema , dois ou tres, 
um  jeito de falar agora mesmo
com voces

pois me aperta na garganta 
uma lágrima triste
de saudade dos meus...
embora parada numa esquina de pensar
pedir perdão por soluçar

sem querer , juro que não 
foi impossível me conter

espero  um dia  apenas poder ser 
um filão 
de estranhas e imprudentes divagações
por nada teria tomado o tempo de 
ninguem
mesmo que fosse prá avisar
que há alguem parado olhando
numa direção e esperando

quando?quando?será que algum dia virão?
vir por vir até um amigo qualquer
sem esperar decisão
sem pressão , sem aliciamentos
apenas querendo discutir os rumos
dos ventos
lamentar a sorte dos que poderiam
não morar na rua de tornados
agradecer mais uma vez por ter sido poupado
enfrentar o vazio dos dias mesmo
que não fosse o combinado.

terça-feira, 21 de maio de 2013

A FILHA DE MODIGLIANI-

A FILHA DE MODIGLIANI -


FOTO DE MODIGLIANI

Ainda que não seja uma abordagem ensaística, poderia arriscar dizer que embora tendo estudado tudo que dispunha nas bibliotecas sobre o artista italiano para compor um livro manuscrito sobre ele e  sua obra,nos anos de 1998 e 99, passou em branco a preocupação com sua esposa que viria a suicidar-se dois  dias após sua morte , estando grávida de 9 meses de um filho seu. Para mim estava meio entendido que a criança sobrevivera pois encontro pelas mãos de uma artista amiga (refiro-me a Claudia de Lara) uma obra dedicada a ele , em ingles, farta de fotos de muito boa qualidade em que parece-me - essa filha fora a contratante da pesquisa resultante no livro. O livro seria :-"The life of Modigliani" , de Christain Parissot... sem data de publicação e aparentemente editado nos Estados Unidos.

Nem poderia imaginar que um dia teria- passados pouco mais de dez anos, a minha disposição um notebook, com internet e acesso a toda sorte de fontes via Google para pesquisar...E por outro lado, um artista plástico , vizinho inclusive ( refiro-me a Alexandre Reis)colocou-me a disposição uma obra relativamente  recente de 2005, editada em Barcelona, "Amedeo Modigliani", Edições Polígrafa,em que encontro uma rápida referencia a uma filha que já existia com essa mesma esposa - no caso Jeane Hebuterne, que pelo falecimento dos pais vai viver com um um irmão de Modigliani, na Italia, onde ele era Deputado do Partido Socialista, quando ela tinha então pouco mais de um aninho de idade... Assim como, considerações sobre o falecimento da mãe e da filha após a queda em que Jeane se arremessara...
Nesse estudo, encontro que a obra de Parisot- teve uma edição em Paris, pela ACR Editions, em 1996, época em que tive acesso a essa obra em ingles como já disse. Para minha surpresa, nessa semana que passou -digito - filha de Modigliani - e aparecem muitas referencias de blogs e outras publicações no Google que me levam a conferir uma em especial, da jornalista Tereza Pires do Rio de Janeiro em que ela traz uma página tratando da história da filha do artista em questão.

Uma belíssima história, apresentando em rápidas pinceladas a vida que  teve essa filha -: forma-se em História da Arte em Florença e promove a maior exposição já havida sobre as obras de seu pai- cerca de 250 peças entre desenhos e pinturas, nos Estados 
Unidos . 
Nessa busca por sua história , encontrei algumas coisas significativas sobre sua mãe, que nem são abordadas via de regra... isto é: Jeane era artista tambem, desenhou e pintou, embora se tornasse uma sombra de Modigliani. Jeane, várias vezes retratada por ele, o foi tambem por outro artista de então- falo de Leonard Tsuguharu Foujita, pintor que vive na Paris desse tempo e cujo trabalho na arte traz bela e delicadamente outras imagens de Jeane .Conta-se que , muitas das obras de Jeane, foram guardadas pelo seu irmão durante muitos anos.

Aspectos da humanidade desses ícones da Arte no tempo, fazem mergulhar em vida pura... Sinto que é preciso ver  melhor o artista e seu tempo, o artista e sua vida atribulada em que sobressaem as obras apenas, como se mais nada importasse a não ser elas...
Ainda quero voltar a esse assunto.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

encontrando amigos-

Marieli é uma amiguinha que muitas vezes coloriu nossos domingos de trabalho no Gazômetro com sua vivacidade, inteligencia e doçura… Fizemos algum estudo de seu rosto, retratando-a e a seus irmãos tambem.Sua mãe e sua avó, são cuidadoras de carros no estacionamento do Gazômetro e muitas vezes ela  e seus  irmãos as acompanham para ajudá-las e para ficarem juntas algumas horas… alem de passearem pois é domingo….!

2013-0352

Gazometro em Porto Alegre- espaço de vivencia das artes, da natureza e das amizades sob a luz de 2013…

 

2013-0351

pensar mais que nada...: `VÁLIDOS'...

pensar mais que nada...: `VÁLIDOS'...: 'VÁLIDOS'- Apostei quatro pilas- um e cinquenta numa raspadinha que poderia me dar uma série de premios:- desde moto, notebook a...

`VÁLIDOS'...

'VÁLIDOS'-



Apostei quatro pilas- um e cinquenta numa raspadinha que poderia me dar uma série de premios:- desde moto, notebook a smartphone ( não consigo entender o que faz um smartphone)...; e mais dois e ciquenta- joguei no "bixo" mesmo com o palpite no gato; mas a moça não sabia qual que era o número do gato e ficou no cachorro ( ou foi o contrário?) Puxa vida -não me lembro agora, exatamente, qual foi a troca que aconteceu...

-:"Quantos dias tenho para vir conferir se ganhei? ", perguntei-lhe  e ela me disse que sempre se tem sete dias para procurar o premio. 
O palpite era tão forte que contei os dias várias vezes nos dedos da mão, abstratamente, para ter certeza que não iria deixar meu premio prá "eles"! Ainda que tomasse tanto cuidado, fui lá conferir e vi no caderno da moça da loja - não havia "dado" o meu número...!
Fiquei decepcionada, claro, ainda mais que podia dar quatrocentos por um -o que significaria uns quase mil reais...! É muita grana que rende dois reais aplicados no jogo do bixo... e é muito tentador e divertido apostar...! Então.

Perdi sim, as esperanças, por que já vi que tenho que primeiro estudar os números e os bixos para poder jogar e ter certeza no meu palpite senão que que adianta jogar em um palpite ? Se eu não sei se a moça está pondo meu dinheiro no bixo certo? Então.

Peguei uns "volantes" de jogos de Lotomania, de Duplasena; foram feitos já havia dias e não sabia se tinha ganho alguma grana ou não. Resolvi dar uma de quem não está nem aí para o milhão, e fui conferir tambem em outro dia desses...
Uma grande bobagem:- apesar de que- num, que precisava acertar doze números, acertei onze !
É sim,- :"passei perto ", como se diz no meio ,quase que fico rica do dia pra noite...!Então.

Mas eu gostaria mesmo era de ser avisada em casa quando ganhasse... assim tenho apostado mais no- caixa capitalização- que voce paga todo mes uns pilas e tem direito a concorrer todas as semanas automaticamente  a premios de cem pilas, de mil ou vinte mil reais e até de quinhentos mil, uma vez por mes...
E ainda tem direito de sacar um tanto de seu dinheiro ao tempo que o queira.
Quer dizer que ficaria mais fácil ganhar alguma coisa nem que fosse o investimento realizado se- aí tem tambem o "Se"  -: não fossem os milhões de pessoas concorrendo o que baixa a zero virgula qualquer coisa sua chance de ganhar qualquer pila que seja , um dia!!

Há quem diga que:-" quem não arrisca não petisca"...e esses caminhos senão fossem furados seriam válidos ...
Furados porque? Pois se tem gente que nem em milagre acredita mas acredita no jogo do bixo? Então.

Dizem que a melhor coisa do mundo é ser o banqueiro do jogo do bixo - que é quem fica com toda a grana das apostas... Ah, daí sim - é certo que vai dar alguma coisa no final , independente do bixo do dia!

Um dia o Betinho, irmão do Henfil, grande cartunista e intelectual brasileiro foi condenado pela opinião pública por ter aceito doze mil reais em uma doação de origem num desses banqueiros desses jogos.
O Betinho criou uma movimentação espetacular contra a fome lá no Rio de Janeiro mas, que se converteu em uma consequente conscientização pelo Brasil afora- a respeito desse problema imoral da fome em que tendo abundantes recursos permite-se que os outros que não tem - sejam condenados a miséria da fome por natureza... isto é - nasceu pobre deve morrer de fome...; ou:- não, não dá pra destribuir por aí assim de "mão beijada"... tudo que se tem pois, não vai ser suficiente para todo mundo e igualmente -vai morrer gente de fome...

 Melhor ensinar a pescar...

Bom mas, como ia dizendo , condenaram o Betinho , um homem - sociólogo de primeira linha nos combates com vistas a igualdade de direitos sociais,e quase que ele foi execrado ( ui, que palavra triste!) pois estava aceitando , não para si embora, uma contribuição -ilícita, para "consertar " o problema da fome de algumas familias na cidade do rio de Janeiro...

Graças a Deus ele foi ligeiro e devolveu o dinheiro pelo que eu soube (será que estou enganada sobre o desfecho da história ?Se estiver , alguem  aí por favor - me avise sobre o que aconteceu de fato, sim?).Então.

Agora , dessa vez, comprei um bilhete desses legais- diz que pode me dar vários milhares de pilas- mais de cem, até! 

Bom, que que isso importa, não é ? A vida segue e as disputas economicas e sociais estão levadas as raias da loucura - onde terríveis faltas de respeito dos líderes religiosos e políticos nacionais e internacionais, são cometidos diante de nossos olhos e não podemos fazer quase nada... pois se formam aos milhares que nem no jogo do bixo - quatrocentos por um...!
Voce corta uma cabeça da hidra ; mas lá já estão , treinadas no beabá, centenas de outras...

É o espírito que se formou numa linha de ação infalível...
onde sempre a banca sai ganhando... pois, como seria possível, continuar jogando se não tivessem a garantia de governar o capital inicial?

Virar o jogo- é uma expressão válida.

Coisa prá santos, a quem vamos depois que eles morrerem , pedir milagres...

Tem tempo para plantar, pra colher e semear de novo...

Mas temos que ter a terra; temos que querer plantar novas condutas... e nessa altura do campeonato - só mesmo os cientistas podem escapar de um crivo social a esse descalabro de desfiguração generalizada... de conduta inválida...
 Não que se possa desejar que sejam menos hipócritas  que a quase totalidade da humanidade... mas haveria neles o temor da próxima descoberta científica em que se precisa crer pois afinal - se sabe quase nada sobre coisa nenhuma...e só a ciencia pode nos aproximar de novos  caminhos para viver com mais saude social...

 Já até avançamos um monte... parece que nem escravos existem hoje em dia! Não a luz do sol pelo menos... talvez ainda aqui e ali... podem ser encontrados e recuperados...

O mundo ficou pequeno e mais rápido se encontra pela- internet, o que não  está funcionando, para corrigir...

O homem louco- que teria arrancado o coração do que foi abatido na região da Jordânia ontem ou anteontem(...!!...)
( mas Vicente Celestino , cantor brasileiro dos anos cinquenta , cantava um poema que falava que sua amada queria que arrancasse coração de alguem e lhe trouxesse - então que de novo ? A personagem bíblica pede a cabeça de João Batista numa bandeja e a recebe...que de novo?)

A horrível mania de violentarem mulheres em ônibus mais para lá , na India e em Vãs ( refiro-me  a um tipo de automóvel), aqui no Rio de Jeneiro; então.

Agora , por enquanto , aguardar; pois o bilhete "vai correr" no sábado.

Me desejem sorte por favor...?! 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Maio das mães

Maio das mães...

                            Um estudo a guache e aquarela da obra de Manet- "Gare Saint Lazare"
                               por Fatima Abrão.


Uma das coisas que minha  mãe fazia comigo era  caminhar e enquanto isso olhar o mundo.
 A gente saia a andar, para chegar em algum lugar via de regra, e tendo ou não hora prá se chegar saíamos "com tempo"para ir olhando as coisas em volta. 
Sempre comentava que aqui e ali alguma coisa não existia ... ou dali - de onde alguma coisa deixara de existir na paisagem urbana até então tão igual sempre. 
Sim, alguns lugares seriam emblemáticos pois tinham um valor pela história e se, mudava alguma coisa neles, já se ia discutir se foi certo ou errado , isto é- se teria valido a pena, a mudança, ou não. 
Ao aeroporto por exemplo, fomos algumas vezes apenas para ver os aviões decolarem ou aterrissarem- sem nunca termos subido em um ,  para voar nele.
O encanto , o mistério, o que afinal existia nesse lugar de partidas e chegadas...? Não sei... a gente era criança e ia lá para passear mesmo. Apreciar.

A estrada de ferro da cidade, embora fosse muito bonita nem de longe poderia ser comparada a estação de Saint Lazare em Paris... imagino! Pois conheci a Gare de Lion da capital francesa e mesmo guardadas as proporções de um quadro pintado por Manet no seculo XIX, mesmo que no fim do século já, eram muito diferentes... !

Pelos terminais virem de várias origens de destino europeu; pelos trens serem muito mais numerosos e a estação ser enorme!
 Não conheço o contexto desse trabalho do Manet - mas acho-o especialmente rememorador de minha infancia,  nas idas e vindas pelos caminhos da cidade , com minha mãe.
O que essa moça ( seria a mãe da menina?) estava fazendo com um belo vestido, chapéu, um livro, um "cãozinho de colo", com frutas para comer enquanto olhavam o movimento da estação de trem? Um livro para ler , um leque para  completar o figurino... E a menina? Com um belo vestido de época, os cabelos penteados e presos, espiando pelas grades , o que se passava na estação... 
Arrumadas e pelo jeito numa espera demorada, ou num pequeno piquenique de vista para uma estação de trem... pois afinal não era uma simples estação como qualquer outra- era a estação de Paris, num tempo em que por lá circulavam as mais importantes personalidades do mundo- na cultura, na ciencia, na politica, na história... 

Que grande prazer isso dava... no meu caso , olhar de perto um aeroporto - conhecer e alimentar a fantasia de um dia viajar , sair de casa para ir ..."-:pegar um avião"...!
Quem diria que de fato - fiz muitas viagens , já nem sou capaz de enumerar, para vários lugares do meu estado de nascimento ( o Paraná), como do meu país e para a Europa. Numa perspectiva de vida muito  mas muito modesta, era impensável.Uma coisa em que havia sido preparada desde pequena para fazer.

Viajens - principalmente a trabalho, algumas de  cortesia de meu irmão mais velho, e outras por motivos de várias ordens... como a de março de 2012 - quando fui a Curitiba , especialmente para reencontrar colegas do tempo de escola ginasial... que não via  há mais de 40 anos!
 Tão incrível essa viajem - pois meu principal objetivo era alegrar-me, encontrá-las e divertir-me em minha cidade, pelo menos nessa vez na vida...
Minha mãe  jamais fez uma viajem de avião! Alem do que a temia pelos acidentes de que se tinha notícia... Poderia ser premiada com uma viajem... que não iria; quer dizer : - quem sabe....? 
Apesar de ser tão agradável viajar de trem e olhar a paisagem num trem de tipo :- "Maria fumaça"... por funcionar a caldeira... pude vivenciar o trem a 200 km por hora entre a Gare de Lion de Paris e a estação de Florença, na Italia... embora muito  emocionada ao ver a neve caindo no solo da paisagem já recoberta de branco na Suiça, o trem era um pouco rápido demais para  se apreciar... alguma coisa o suficiente... Mas o tamanho das estações, a organização, a ligeireza com que tudo se encaminha, a precisão das partidas, a divisão em classes... Tudo forrado em veludo vermelho na Classe A, do trem de volta de Florença- par aonde fui empurrada pelo fiscal pois o trem ia partir... e depois  , uma vez embarcada , se veria direito qual era  a minha acomodação... Quem disse que na correria entendi que estava na cabine errada? Estava, e devia mudar-me era que vinha dizer-me o fiscal do trem...Para um compartimento em que podiam deitar-se quatro pessoas... escuro... e e esquisito pelo olhar de cada um dos estranhos viajantes da hora... Ninguem dormia , na realidade, apesar de ter  doze horas pela frente... de viajem pois se cuidava dos pertences e do movimento de entra e sai, abre e fecha da porta a todo instante por pessoas procurando alguem ou do pobre fiscal que pedia o passaporte pra conferir...cortinas fechadas, não se via nada da paisagem... então muitos iam para o corredor, estreito , apoiando-se na janela para olhar o caminho do trem...Cansava e voltava para a cabine para cochilar... mais uma ou duas horas de olho semi cerrado... tentando  descansar e fazer o percurso ficar mais curto...
Tudo que se desejava era uma cama de verdade e uma felicidade de que fosse a nossa lá em casa preferencialmente...!A maioria eram os famosos -"mochileiros" , população jovem que faz seu turismo andando com o que pode carregar enfiado em uma grande mochila de onde pende pendurado um cobertor-manta para se agasalhar ao deitar para dormir...O trem fornecia um cobertor e um travesseiro...Quando enfim estava avistando o saguão imenso da Gare de Lion, mal podia crer... fui então em busca de um Hotel de juventude indicado pela companheira de apartamento no Hotel de Florença... uma chinesa chamada Quinniee a quem mais tarde eu homenagearia dando seu nome a meu cãozinho de estimação...
Garoava, escorria pela sargeta da rua  um caldo escuro de fuligem dos automóveis , e com a mala de rodinhas , fui em busca de achar a rua do Hotel... caminhando pelas calçadas úmidas...Era dezembro, 29, de 1994.