quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fatima Mohamed Abrão - 2012 ,XX anos em arte. by Magisto

IBERE CAMARGO - UM AVANÇO AO SIMPLES

IBERE CAMARGO - UM AVANÇO AO SIMPLES...





                                  Carretéis em pastel - Ibere Camargo
                                     (18.11.1914-09.08.1994)


Falar de obra de Ibere Camargo é  como sempre que se falar da obra de todo e qualquer artista -: correr riscos de olhar pouco e mal ... 
Que valores nos perpassam quando olhamos para o percurso de um artista brasileiro - que viveu recentemente sua história de arte e que desenvolveu aspectos de sua vivencia nos quais nos defrontamos com coisas tão simples como seus carretéis...?

Pode-se dizer que na casa de alguem ( que não seja de um profissional da costura) - hajam carretéis rolando pelo chão e até fazendo parte de brinquedos de alguma criança,
hoje em dia  ?De fato, é quase impossível!

Mas  há 50 anos atras não; isso era comum 
e não admira que o grande artista gaucho contemporâeno
tivesse olhado para esse componente da construção do cotidiano de nossas sociedades dando-lhe um relevo de obra de arte que faz pensar e sentir  à profundidade - emoção vivida no inteiror das casas em que se costurando roupas por exemplo, para vestir pessoas  de todas as idades (se poderia dizer ao relembrar as consequencias das grandes guerras e mesmo depois delas na história recente- ) num trabalho de onde se sustentaram familias inteiras...

Mesmo sendo improvável encontrar o real motivo
de sua apropriação - seu sobrevôo como artista aponta
para a forma de infinito 
que se ve no desenho de um carretel -  
e o singelo ponto e a singela linha em que culminam... 
só para os inadvertidos poderia acabar em resumo
de uma complexa e obsessiva produção
em que Ibere se ocupou - e que ainda hoje -
ao olhar obras com suas fortes e densas pinceladas 
com os carretéis lá esboçados 
me fazem chorar convulsivamente -
sem querer e sem poder explicar 
a não ser pelo fato de que 
num sentido poderoso de sua intuição artística
Iberê -
nos  mostra caminhos de simplicidade 
de tradução
de nosso tempo fazendo crer que
quanto mais enxergarmos essa realidade
mais ali mesmo nos edificaremos.



                      Carretéis inspiradores de seu atelie

Não há poder em uma obra -se ela não nos emocione...
falando conosco direto a nossa vivencia,
aos nossos sentimentos e ao coração...
e nas cores
ficam as marcas desse sentir e
dessa comunicação  que pode ou não
importar pra nossa vida...

De que vale uma obra de arte em nosso caminho...?

Sendo o que de mais valioso aconteça 
-encontrado uma vez em sintonia
com o mais profundo desejo
de ultrapassar
o opaco emaranhado de fios sem fim 
que podemos representar 
se não sairmos á luz do dias ...
e que um 
pode nos incluir no olhar,
a não ser um visionário artista?

Aí mesmo encontrei Ibere... 
(e quase morri de tanto que precisei chorar)
de emoção tão forte 
que isso representou...na minha vida...!

Não filiar-se a escolas , manter uma  sensibilidade ocupada com a dor no mundo, percorrer os espaços nobres
dedicados a arte contemporânea e
se reunir 
em uma Fundação espetacular 
dedicada a sua obra mas, aberta, 
para acolher os melhores artistas
de todos os tempos, 
com a qualidade dos grandes museus do mundo, 
tendo como cenário frontal o maravilhoso Guaíba
que olha para Porto Alegre 
vibrando suas aguas no colorido impagável
de suas cotidianas conversas com sóis,
 luas e estrelas -como a fitar e conter
o infinito 
de suas ponderações
num espelho inacreditável
de tão real e visível,
concretizado , paupável... 
legado de uma vida
em obras... de arte!

Manet em Veneza -hoje

Manet em Veneza, hoje.



                            Garé de Saint Lazare- 
           pintura de Edouard Manet-(Paris-1832-1883)



Que importancia teve Manet na conjuntura artística de seu tempo?

Avaliar isso, assim ligeiro, é difícil mas podem-se mirar vários angulos de sua  marcante relação com o contexto de uma Paris dos novecentos... em que se produziram as condições para um grupo de artistas - os impressionistas- virem a se destacar com suas novidades em termos de técnica e ação politico-cultural que desviava dos Salões o poder absoluto de contabilizar o que era arte e o que não era...; mesmo que lá, mais adiante, todos  aceitassem o valor de espaços oficiais para a bem sucedida carreira do artista-
 já naqueles tempos... salvos os raros casos de genios - 
onde, por reconhecimento dos dias de hoje, Manet se inclui.

Na redondeza de Manet - orbitavam Monet,
 Renoir, Berthe Morissot, Degas, entre outros - 
sendo muitos deles socorridos, financeiramente inclusive, por ele cuja herança paterna administrada por um advogado, o deixava em situação de fazê-lo...generosamente!

 Em suas idas ao ar livre , para pintar ao natural, fazia um movimento revolucionario em que o atelier 
deixava de ser o ambiente  ideal- apesar de artificial - 
de todas as possíveis criações... e o diálogo com a realidade dos dias- passava a ser algo em que se deter...

Mais adiante , juntam -se - os impressionistas e Manet , por algo em torno de 4 ou 5 anos de produção , mas Manet morre antes do grande sucesso que o grupo iria desfrutar mais tarde...

Impressiona que tivesse em sua sala de visitas , nos saraus em que Mallarmé declamava seus poemas ou discorria sobre seu modo de pensar, Baudelaire , Zolá, observadores e literatos , cronistas e críticos de seu tempo, embalados pelo piano  afiado de sua esposa Suzanne - que estudava  de Wagner para as horas com os amigos... coisas recem produzidas por esse extraordinário músico...

Paul Valery faria estudos dessa relação de Manet com Baudelaire; e veria na correspondencia secreta entre Mallarmé e Manet... uma cumplicidade importante.

Para Zola - haveria em Manet - uma "...consciencia absoluta da originalidade de seu tempo... e um igual entusiasmo  pela condição moderna..."

Uma das coisas com as quais mais me identifico  - é o fato de Manet sentir-se contrariado em usar meias tintas... preferindo  passar diretamente da sombra pra a luz...

Dez anos antes de Monet, Manet - concebia a idéia da cor pura - que viria a ser a base do impresionismo...
Vale recorrer a Fayga Ostrower, Mathey,Benet, Faisin entre outros sobre isso caso interesse aprofundarem-se...

Com a provocativa e especialmente produtiva  convivencia com pintores num grupo de estudos  de pintura na Sociedade Brasileira de Estudos Espiritas em Curitiba, elaboramos um livro masucrito em 1997 em que Manet é o foco principal pois lhe dedicamos um ano inteiro de estudos  recorrendo a Bibliotecas públicas e de instituições como Goethe, Aliança Francesa, para levantarmos tudo que pudesse estar a mão sobre a vida e obra desse artista...
O resultado desse trabalho é por certo parcial diante dos recursos de hoje em dia ( com os recursos  democratizados pela internet bem mais que á época! )e  o que podemos dizer é que há um exemplar dele - no acervo da SBEE pois lhes foi conferido direito sobre essa pesquisa, em favor de suas obras voltadas para o bem público como uma pequena contribuição para os iniciantes no estudo de sua vida e obra.

Na pequena e aberta para novas abordagens -obra que lá ficou, há por certo mais que tudo, a paixão que nos despertou a história desse pintor   sendo considerado precursor do impressionismo  e cuja vida-  humanamente falando - a parte as nuances sociais de seu tempo , foi  de dor e sofrimento pessoal pois falece ao amputar uma das pernas na qual sofria havia anos de ferida aberta , concorrendo para que seus últimos trabalhos fossem com  pastel seco , igualmente magistrais, as quais realizava sentado, para  melhor suportar as dores  causadas por essa doença. 

Mesmo na recente exposição sobre sua obra que ocorre em Veneza- esse mal é reputado a sifiles; mas outras fontes como a de Bento, que analisa a vinda de Manet para o Brasil, quando serviu na marinha francesa - passando aqui cerca de 4  meses - considera que havia se ferido em andanças pela mata e contraído tétano mal curado... já na juventude...

Há muito a dizer sobre Manet.
E mais ainda sobre como nos influencia seu trabalho até os dias de hoje pois, simplesmente, encontramos nos retratos que realizamos em público com carvão e pastel seco - um prazer imenso na execução...
E sentimos a proximidade com esses grandes artistas que fizeram  de sua história coloridas mensagens de resistencia a dor  e as angústias que não são menos importantes por se darem no âmbito particular da vida dos individuos... para cujos reclamos , tambem abrimos escutas nos dialogos com os retratados que passam pela nossa prancheta...
 Muito mais que  preciosismo técnico - na execução - acreditamos no encontro de seres vivos que dialogam e expressam mutuamente suas mais caras impressões da vida no mundo... e em seu tempo... quando juntos colaboram para que uma obra nova , inédita, original venha a luz...sempre de autoria múltipla... pois não há possibilidade de um artista executar uma obra significativa sem o concurso do envolvido num retrato por exemplo...
 Cremos firmemente que o trabalho evolui
 como tudo na vida pelos desafios em que limites e alcances técnicos concorrem para o sucesso da execução artística e expressiva  sendo  parte apenas não os únicos mensageiros da dor e da vida mortal dos homens comuns de nosso tempo...incluindo sem nenhuma dúvida  a do artista em formação ... 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

ME LEVA PRÁ DANÇAR?!


ME LEVA PRÁ DANÇAR?


nem sentiu que passsou tres ou quatro dias
em movimento
 novo-
sim, diferente
do que veio fazendo
 acontecer
nos últimos quase cinco anos...

De ligar e mandar mensagens,
emails numerados em dezenas

e ficar ligada
como uma espécie
 de plug em tomada...

estranho comparativo
e ao mesmo tempo

soa natural pro ouvido

ali passou pelo menos
 um trepidar de corrente

uma energia de contentamento

um estranho e lúcido
harmônico momento

de risadas e eflúvios

muito mais que isso
até
uma canção
 aquela que diz:
..."se o amor
só nos causa
 sofrimento e dor
 é melhor ,
bem melhor
 a ilusão
 do amor

eu não quero nem peço
para o meu coração
nada alem
que uma doce ilusão..."

sabe-se lá de onde ,
de  que  fundão de baú
arrumou
 esses versos
de canção
que nem sua avó lembraria mais....!
E a cantou...
baixinho- pra só ouvir quem ali por
 perto ou quase tão ao abraço
pudesse estar...

(nem sempre se sabe se alguem está ali
ou em qualquer outro lugar)

mas parecia que ainda
 nem poderia terminar o dia...

se faria jantar e sobremesa...isto é-
estava anunciada a orgia

mesmo que em pleno dia
e houvesse
só luz do sol...

nada mais sublime que jantar a luz do dia...
assim trocando almoço pela janta
ou vice-versa!!

engraçado - parecia que um mes novo passara a existir -

não era nem julho, nem agosto...
mas um outro mes... sabe-se lá qual...

um mes da gente
ali sozinhos com afinal

 um tempo
 inacreditável para trabalho  em paz
e lazer
patrocinado - pode crer?

num dia que tambem não era de semana
mas- dia não sei qual...!

precisei ir
 o dia terminara

e dissolveu-se num par de passadas
o ambiente mágico
 de um assunto
 estranhemente insano
sem data, nem de dia ,
 nem de mes
 nem de lugar...

mas fiquei com vontade
ainda de dizer:

Me leva prá dançar?









quarta-feira, 24 de julho de 2013

A APARECIDA

A

APARECIDA.


            Sobraram num vão estreito de um dia , tantas desesperanças e indecisões...:- que caminhos seguir?
            Como andar sozinho, fragil e desprotegido, despreparado para toda sorte de enfrentamentos da vida cotidiana nesse mundo de meu Deus?! 
Estava andando no centro de Porto Alegre , atravessando da saída do trensurb para na Rua Uruguai, embarcar no onibus e ir ao Gazometro trabalhar mais um dia.
Por ali , pessoas disformes em seus andrajos se esgueiravam no chão- uma de um lado e outra mais adiante... Dormiam ali... sobre espuma de colchão sujo e desencapado e enrolados em uma série estranha de vestimentas - uma manga de uma coisa, uma calça de outra ... e nos pés um tenis com sorte, mas nem sempre.

         Conheci gente que afirmou dedicar parte de seu tempo com seus amigos ou companheiros de igrejas ou organizações religiosas a esses seres humanos derrubados , num cenerário de desconsolo total.

 Certa feita, vinda da Restinga, num domingo, chegando a parada de onibus na Borges, ainda em Porto, e vendo muitos ali na Riachuelo , local onde se escondem sob marquizes muitos desses tipos de gente... o meu companheiro de viajem( sim viajem - sair da Restinga - bairro da zona sul de Porto Alegre - é uma viajem de uma hora, uma hora e dez...) fez questão de me dizer que achava o "fim da picada" essas pessoas ali deitadas enquanto eu , saira de casa, podendo já estar perto de aposentada, e permanecer no conforto de minha casa , depois de uma vida inteira de lutas e trabalho; enquanto aquelas pesssoas não se ajudavam; nem siquer lutavam como eu.Tratava-se de um senhor morador do bairro e com quem vim conversando desde o ponto final até o centro da cidade...sobre tudo que nos ocupa numa conversa dessas...Ele trabalhava como segurança no Palacio Piratini e estava escalado para aquele domingo. 

Poderia ter  sim, ficado com a certeza de estar no caminho certo na minha vida... pois estava testemunhando uma  coisa legal - como se estivesse sendo valente, lutadora , digna.

 Mas podem imaginar a confusão na minha cabeça? Afinal , ninguem sabia mas por pouco , muito pouco- quase tive que estar perto do chão como aquela gente e embora quase ninguem soubesse, de onde eu vinha nessa manhã- era apenas um quarto sem janelas , cedido pela caridade alheia em que de última hora me valeu a sorte pois não podendo pagar um aluguel por ganhar muito pouco com meu artezanato, tampouco poderia aspirar alojamento quatro estrelas...
Não , não via nenhuma diferença entre os mendigos e eu... naqueles dias ( os quais mesmo sendo  de um grande aprendizado, não esconderão que resultaram em que eu prefira a morte a voltar a vive-los...)!
Mas voltando à manhã em que atravessava o centro de Porto Alegre para ir ao Gazometro onde vendia meus objetos em papel mache e fazia retratos ao vivo, e a Aparecida.

É -imagine que alguem que, provavelmente, tinha editado o milheiro de santinhos de Nossa Senhora Aparecida ( onde tem a imagem da santa encontrada no Vale do Paraíba, em São Paulo, de um lado e do outro a oração a ser feita,  a gráfica onde foi impresso e a sugestão de que ao alcançar a graça pedida , imprima o milheiro e distribua gratuitamente a outros viventes para que possam   fazer o mesmo...)  e jogou ali , na calçada alguns desses exemplares . 

Então , mesmo tendo alguns desses santinhos de melhor qualidade do que aquele ( pois eles tem presença  na  nossa vida por várias justificativas) naquele dia , naquele momento-  meu coração apertado, pelo sufoco do dificil dia que teria que enfrentar, tentando conversar e convencer as pessoas que poderia fazer -lhes um lindo retrato ... que as peças são recicladas e ecológicas... que precisava que elas me dessem o sustento de qualquer jeito , senão... ficaria muito mal , resolvi me abaixar e pegar um santinho daqueles e com um sentimento de fé em  uma Maria - Aparecida - simbólicamente ou não ( mistério seja respeitado) penso que a mãe de Jesus existiu e perdura atraves dos tempos... e tem toda uma multidão de seres que se dedicam a socorrer os necessitados da sorte, e poderia muito bem me dar uma chance naquele dia  e me ajudar no meu trabalho... e que aquele pedaço de papel , atirado ali, caridosamente por alguem , vinha me lembrar que não estava tão só afinal...

Aconteceu isso ainda , com Santo Antonio, com Santa Edwirges, com São José...e tambem com o famoso São Jorge... !

Cheguei a conclusão que algumas pessoas tem o desenvolvimento extraordinário e não precisam mais de imagens de ninguem nem de sinal algum para se inspirar e baixar a cabeça num gesto de humildade e concentração de energias, reunir em determinadas situações na vida, coragem para seguir em frente e não desanimar...não se deixar abater por  completo...

Quem vive no Brasil , e tem como eu- algo próximo de 60 anos ( completarei no ano que vem já!!) e foi educado em paróquia católica , religiosa e cristã da uma Senhora das Mercês, conviveu com padres Franciscanos , frequentou o Colégio de irmãs Vicentinas do bairro, vivenciou o movimento de jovens da década de 70, não tira tudo isso de sua cultura como se tirassse um casaco e sai andando sem proteção alguma no frio... sem correr riscos de apanhar no mínimo um resfriado!Conclusão simples e apressada essa, é o que me paro a pensar há anos ...

Afinal, como esses santos todos 
duram tanto no tempo 
sem terem apenas morrido? 
Onde ficam ?
Nos ouvem?
Nos veem?
Suas histórias são verdadeiras ou romanceadas - isto é, um pouco de verdades
 e outro tanto de ficção ( literatura)?

Com muito esforço , passei a imagina-los como seres de certa luz, isso significa que estão leves mesmo, como raios de luz... e que possam deslocar -se nos espaços siderais e contenham em suas relações muitos amigos e ajudantes que trabalham por todo mundo que converse com eles... mas tambem por quem nem sabe que eles podem estar por aí...

Tambem cheguei a conclusão que existem anjos - embora não com asas- na minha modesta opinião; santos  e outros seres  entre os quais - os seres chamados humanos entre as tantas criaturas conhecidas.

Ao que parece os santos foram seres humanos - mas só ao que parece;  vamos que a história não seja tão simples assim?

Pelos modos de muita gente em sociedade dos dias de hoje, pelo menos nas que enxergamos - embora tudo possa ser pesquisado na internet e encontrado e conhecido - como jamais em tempo algum alguem poderia imaginar viver... 
- fica relativamente simples- distinguir os horrores da barbarie( disseminada em todos os cantos do mundo...),
dos gestos generosos e desenvolvidos por esforços (tambem em evolução) por todos os lugares habitados pelos homens...

Olhando o percurso histórico da humanidade tomada em seu conjunto e de forma ligeira, aqui e agora- pode parecer que só de dores e sacrifícios sejam forjados os santos... ainda que se repitam na vida de muitos ( tambem na nossa ...) acho insuportável essa sina e destino inexoráveis...

Prefiro crer em uma pedagogia que já instale o "ship da boa vontade"- no coração das pessoas e que embora muito diferentes nos estágios de evolução e compreenssão de mundo,seja possível encontrar menos injustiça e prostração em todos os cantos onde a felicidade não é o queijo a mesa no café da manhã...

Mesmo que não se queira , somos um fruto de nossas circunstancias históricas e possibilidades desiguais e nem por isso destrutivas mutuamente,
podendo conviver e convergir para novos e melhores dias...

Os atores de ontem, de hoje e de amanhã não precisam ser todos de mesma cor , tamanho nem cheiro...nem ainda, de mesmo discurso... e seria precipitado exigir-lhes coerencia ética universal consequente- cem por cento, apenas por serem de épocas simultâneas...

Parece-nos hoje mais plausível - que todos os credos tenham responsabilidade na felicidade de seus fiéis e 
que a ordem da dor e do sofrimento pode e deve acabar... para que uma nova ordem mais mansa e saudável - calma e poderosa passe a existir no mundo. 


terça-feira, 23 de julho de 2013

O SIDARTA DE HERMANN HESSE.

O SIDARTA DE HERMANN HESSE.



Mas que poderia ser "nosso Sidarta" ... : meu, teu, de todo mundo...

Num capitulo intitulado - "Entre os homens tolos", 
o autor frisa uma passagem vivida todo momento na
história de muitos de nós...como na realidade, em todo o livro .
Considerado uma das obras mais expressivas do talento desse escritor alemão que percorreu a alma humana de modo tão singular que chegou a inspirar- segundo se lê -
as gerações hippies dos  anos sessenta...

 Em conversa com o comerciante Kamasvami - sendo questionado sobre o que tencionava dar - já que não possuia nada...Sidarta responde:-..."cada um dá o que tem.
 O guerreiro dá sua força;o comerciante sua mercadoria;
o mestre sua doutrina;o pescador os peixes."

 Ao que o comerciante , insiste e pergunta ainda:-
..."Òtimo . E qual será o bem que tu poderás oferecer?
Que aprendeste?Que sabes fazer?"

Sidarta responde : -
..."Sei pensar.Sei esperar.Sei jejuar."

Nesse pequeno livro, de pouco mais de 120 páginas, chama  a atenção - a síntese extraordinária que ele faz de nossas angústias espirituais, vivenciais (e que se renovam em nossos filhos... nas suas buscas por caminhos de elevação, de levesa da alma)cada vez em que nos relacionamos ou tentamos nos relacionar com o saber oriental -
 tão diferente do construido 
por nossa experiencia ocidental !

O diálogo com as vertentes de espiritualização
 originadas no oriente de modo genuíno
 ou filtradas pela cultura racional de tempero americano - refiro-me as que vem dos Estados Unidos da America do Norte..., são estranhas -embora nos fascinem por completo pois se apresentam como desafio a ser alcançado mesmo sem  qualquer referencia concreta em nossa história- com ênfase judaico cristã.

Mesmo sabendo que a construção do budismo é anterior a
existencia afirmativa de Jesus no mundo - pode-se aventar nas semelhanças de propósitos - convívio entre as formas de se posicionar no mundo...e até se verificam colocações de que Jesus histórico - tenha se alfabetizado nas grandes linhas de sabedoria de seu tempo e não só no judaismo ...

Difícil saber de qualquer coisa com certeza;
 mas que essas idéias- mesmo sem possibilidade 
de verificação- por seu distante  nascedouro na história- vem até os dias de hoje com total força
 valendo e agregando mais e mais  pessoas-;
 quer por se tornarem mais próximas dos sentimentos intuitivos que brotam no âmago mais profundo,
 ou  fazendo pensar ao fim - que seria desse modo que se gostaria de encarar a vida; seria com essa visão do mundo que se gostaria de encontrar pessoas no caminho... e desfrutar  de um mundo hegemônico e belo 
-onde ninguem discorda mas ao contrário 
todos se afinizem pela fé. 

O mais duro de tudo isso - é enfrentar - à luz do questionamento filosófico tambem antigo -
 (falo da vinda da grécia), que até mesmo Deus -
 é uma questão de fé :- se acredito, Ele existe; 
senão creio , deixa de existir...!!


Assim como - por uma questão de fé - ou algo parecido, 
se constrói todo o conhecimento possível;
pois no fundo, o grande laboratório é o mundo - ou:
 são os mundos...
uma vez que, graças as pesquisas 
astronômicas e tecnológicas 
se enxerga hoje em dia-
 outros, alem do nosso mundo...! 

Mais que incitar a leitura dessa obra-
 tão bem vinda de Hesse- 
precisamos referirmo-nos ao momento em que somos informados, nas  cenas de grande impacto vistas pela televisão - sobre centenas de milhares de pessoas a ganharem foco na cara programação mundial de comunicação entre os povos-
reunidas por lideranças evangélicas fundamentalistas ;
outras por manifestações de descontentamento popular (lideradas por ninguem, estranhamente!); 
e, nos dias que correm - a juventude católica vinda de muitas partes do mundo  ao nosso país emergente( pela primeira vez liderado por uma mulher-chefe de estado), e que vem atraídos por um líder que inaugura um novo milenio na sua escolha doutrinária fazendo valer -pela primeira vez em séculos- a humanidade de seu posto ,que antes era só para os santos...- 
o Papa Francisco da Igreja Católica Romana,com sede na europa portanto-  que em nosso país ainda detem a maioria dos fiéis...

O paralelo que fazemos é mesmo por um rápido convite a mais leituras de mundo alem das habituais;
não imaginamos nenhum fôlego capaz de desautorizar, qualquer das manifestações de massas mobilizadas pelas suas necessidades de afirmação política - seja atraves de um corpo doutrinário oriental, ocidental liberal ou conservador... 
Consideramos a obrigação , o dever moral e ético de buscarmos caminhos de  dignidade e paz, de direitos para todos ; e entendemos a dura e tortuosa história de tentativas da humanidade em alcançar para si melhor posicionamento no mundo - seja em que latitude for... 

Mas crer ainda na possibilidade de um homem renovado ... parece ser cedo; pode ser pessimismo mesquinho e covarde diante das lutas de todos os dias; mas qual é esse homem que queremos ser e não conseguimos? 
A reboque das doutrinas , temos marchado por sermos soldados , Sidartas por vocação - imolando-nos com jejum,paciencia e elocubrações peripatéiticas sobre o sofrimento no mundo...
Só nos resta sermos fiéis?!