terça-feira, 18 de setembro de 2012

Yunes Chami -Mohamed , O latoeiro em Novo Hamburgo



YUNES CHAMI-
MOHAMED, O LATOEIRO, em Novo Hamburgo.



YUNES CHAMI- 


Ontem a noite na Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo...

O sr. Muchabe arquiteto que preside a Câmara Àrabe Brasileira do Comércio  de São Paulo,
ao centro , o ator YUNES CHAMI, protagonista do monólogo que será levado a todo país
dirigido por Bernardo  Galegale (à direita).

Ao fundo o Bunner da peça que terá uma mini 

estréia no final  deste mes em Campinas- SP.


 Gilberto Abrão- reunindo umas cinquenta pessoas, no salão de recepções da ACI de Novo Hamburgo,  neste último dia 17 de setembro -em um elegante e descontraido coquetel para a assinatura do contrato de cedencia dos direitos a teatralização e adaptação do texto do seu livro "-Mohamed , o latoeiro"-  com o ator Yunes Chami, tambem de origem árabe, o diretor de teatro Bernardo Galegale e o presidente da Câmara do Comércio Arabe Brasileira de São Paulo o arquiteto Muchabe.


Pessoas da imprensa local, do empresariado , das instancias diversas do comercio e da organização civil e filantrópica da cidade de Novo Hamburgo, bem como amigos que o acompanham a anos...( meu mano está há mais de 45 anos nesta cidade...) vieram compartilhar com ele tamanha realização...de um sonho acalentado carinhosamente!

A Obra saiu de um escritor- que saiu do personagem- 


Um escritor nato- alguem que olhou o mundo fora de casa muito cedo pois  foi lhe dada a confiança de ir ao oriente aprender das tradições de uma cultura paterna árabe diferente da cultura brasileira onde nasceu, sendo ainda menino de apenas 11 anos!... 


Na Syria, em aldeia de nascimento  de seu pai, no seio da familia, sem entender palavra, tudo foi desafiador...

Quem foi seu amigo?
Quem foi seu sincero apoiador entre os adultos ? 
Foi a escola, aprendeu o árabe, o ingles, o frances, obrigatórios na alfabetização fundamental na educação de todos...
Conheceu a simplicidade, a rudeza da vida  despojada de consumo supérfluo o que aliás- nem era ainda,marca galopante da sociedade ocidental nossa mesma, pois em idos de 1950 siquer o plástico tinha sido popularizado.

Crescer , voltando aos 14 para 15 anos, em uma cidade que nem podia ser a sua mais- Curitiba, já havia encolhido...!


Para alguem que se comunicava com países europeus a
traves de leitura de periódicos em ingles e frances 
(conta ele que assinava revistas culturais... de outros lugares) que vivia a decidida formação
de uma mentalidade planetária... 

Quem o faria - adaptar-se a uma escola comum, a um convivio fora da rotina da cultura árabe com a qual se acostumara e em que na verdade,  desenvolvera uma parte importante de seu modo de ver a vida , o mundo? 

Sim criou-se entre ele e o pai uma guerra - 

pois eram dentro da pequena familia - 
os únicos que falavam o idioma, 
e não foi de estranhar
que dali mais um pouco ,
fosse servir -em missão de paz- na faixa de Gaza...

Foi em missão previlegiada- como intérprete - árabe - ingles... o fez por escolha, exílio, de novo.


Mas, eis aí um traço extraordinário se assinalando - 

o diplomático!
O bom político,que une, que perfila 
nas grandes questões, 
que se une aos fracos para contornar
a aparente batalha perdida...

Uma mente arguta que dá a volta

para tornar a impulsionar um projeto- custe o que custar, mesmo que o inimigo seja incansável em se vender
ao desejo insaciável de ser alimentado pelo luxo e pela riqueza  as custas do desassossego e do silencio
(oil and blod)   dos inocentes...


Em todas as partes do mundo , 

os filhos e descendentes do Islã,
como os filhos e descendentes
do Mundo apostólico Romano, 
e assim por diante,
unem esforços, vivem miseravelmente se preciso,
para enviar aos seus de origem ,
recursos de toda monta
para que sejam libertos de opressores,
sobrevivam as guerras estranhamente-sem fim,
mesmo estando exilados em outras terras, 
são- na verdade- apenas braços, distantes ,
de um mesmo clã a trabalhar
e  canalizar riquezas das quais se despem 
para socorrer, ajudar muitas vezes, 
multidões que nem conhecem,
pois são patrícios sofrendo- 
e isso é o que importa.


Esse espírito heróico e humilde,

permeou  alterações de humor 
nos semblantes  de meu pai e de meu irmão
a vida toda desde sempre...
Silenciosos, criteriosos, marcharam 
emocionalmente na direção do oriente 
sempre que sentiram que era preciso
e nisso estavam seus compromissos mais sagrados!

Sempre se riam de nossas tolas preocupações menores,
com certeza- diante das grandes demandas dos terríveis confrontos pelos quais passavam irmãos- não de sangue
mas de fé. 
Seres humanos, em guerras desesperadoras e intermináveis...a precisarem de roupas, alimentos, 
abrigos, remédios, de  tudo...

O ter sido -numa fase de sua vida- latoeiro, fazedor de calhas, baldes, regadores de jardim, foi uma das faces que meu mano escolheu homenagear, desse personagem que poderia ser considerado "-sem juízo-" quem mandaria um filho com 11 anos para o oriente, sózinho ( acho que foi acompanhado de um tio  por parte de mãe) para aprender uma cultura que precisava ser mantida viva

na familia e ele, como o filho mais velho,
seguindo a tradição- era o responsável  a dever fazê-lo
e sem discussão- enfrentar?

No entanto, ocorreu que  esse pai fosse contribuir 

para que esse filho se preparasse -
como um homem de visão planetária, um Diplomata da Paz,  e viesse  a revelar-se um escritor- quase cinquenta  anos após  e a justificar o sonho do pai, a seu modo!

E a dedicar a sua neta- ...-"na esperança de que ela viva num mundo de Paz!"...o seu segundo romance-"... O muçulmano e a judia"...

Dando continuidade ao plano paterno e indo além- a dizer as coisas que pode- estratégicamente -elencar para contribuir com sua vivencia... ímpar- em seu tempo,
com sua talentosa percepção, 
a se encontrar
um mundo melhor possível,
a partir do sofrimento das origens,
lá no lugar mais conflituoso 
em que- por puro acaso
ou coincidencia- ou pela providencia-
foi  enviado  e treinado
a compreender...



Yunes - o MOHAMED de hoje, poderá suspeitar

que o outro- guardava uma ambição 
tão difícil de  realizar ?!!

Esse latoeiro estava sempre - discutindo política,

pensando em:-..." como o mundo poderia mudar?"...

Tinha claro na sua consciencia - que era um  artista da flauta arabe, um talento para os negócios , o mais solidário dos amigos , adorava festas e banquetes, a dança arabe estava nos pés ; alegria- a risada fácil, o espírito diplomático- um traço invejável , o terno bem cortado- no melhor alfaiate, sempre impecável, elegante , com seu chapeu Ramenzoni; bem recebido , em todos os lugares.


E no expediente,  no dia a dia  , conforme as temporadas da vida, um trabalhador de mangas arregaçadas, sem pena de se sujar nem de pó, nem de lama, 
um   operário...
um trabalhador...

Enquanto seu filho estava na faixa de gaza,

sua filha Fatima lia os jornais para ele-
pausadamente, 
repetidamente- todas as noticias-
todas as que ele escolhia, 
o coração apertado:- 
será que o filho voltaria ...vivo?

Pedia educadamente- licença para ela 

e ia rezar nas páginas do alcorão
a terceira prece do dia :
maktub- ele voltaria, são e salvo-
se era a vontade de Deus assim terminava
sua rotina conformado.


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