terça-feira, 15 de janeiro de 2013

No dia seguinte...

No dia seguinte...


Pode ser que  fosse muito cansativo - pegar tres conduções prá chegar lá no Gazômetro -

 ( nunca sabem onde fica o Gazômetro - acho engraçado isso; seguindo pela Mauá, essa grande ao lado da Rodoviária que vai margeando os armazens do Cais, vai haver uma grande curva- lá tem uma espécie de estação - onde antigamente ficava uma usina de gazogenio- usado para as Luminárias das ruas de Porto Alegre...)

mas, mesmo assim- foi o que fiz por uns meses.
Pegava o São Leopoldo - na Victor Hugo Kunz, decia em São Leopoldo na estação do Metrô , quarenta minutos depois, pegava o metrô e mais cinquenta minutos : chegava no mercado público em Poa.

Dali caminhava uma quadra, entrava num outro, um São José, e logo - daí levava uns 8 minutos... chegava em frente do Gazômetro.

Poderia fazer esse trajeto a pé... e o fiz muito, quando morei cerca de um ano na Restinga... indo da parada do onibus  na Borges , pela rua da Praia
( Andradas ) até lá ...   a passo bem rápido, levando 30 , 35 minutos... com meu  carrinho de viajens e minha mala com meu artezanato... aos domingos...pela manhã .

Tres(onibus) para ir e tres para voltar:
seis.
Seis no domingo e seis no sábado... pois no sábado ia para a Redenção das duas às seis da tarde...sendo mais cansativo ainda pelo período mais curto de trabalho e maior de deslocamento.




Esse detalhamento todo - na realidade - para pensar porque parei de ir... como vou fazer para voltar- se for possível, pois é preciso trabalhar... 
e lá é um dos poucos lugares possíveis... principalmente, por ter deixado amigos de feira , 
e um reconhecimento mínimo do trabalho
com retratos a carvão...do qual realmente
ganhei o sustento.

As peças em papel mache - sendo a minha especialidade a variação - papietagem-  vendiam pouco... mas até vendeu-se escultura, ( de cabeça, de gato) ,agendas, bule, xícaras, rosas, colares, espelhos, jogos de memória, maletinhas, caixinhas, interessante isso!

Mas para os retratos - faziam fila... não dava nem para esticar as pernas...

Só que levava lá seu tempo... e se cobrava pouco - dez reais uma pessoa ; quinze reais, duas....um dia muito trabalhado para ganhar sessenta reais... desconte os onibus, o lanche... o material... empregado...
e ... bom... o preço da barraca  que é alugada...Sim; quase inviável.

Na verdade , tive duas quedas severas - em que numa, luchei o pé esquerdo; na outra tres meses depois, o joelho direito... Físicamente , menos agil... estacionei por uns meses... obrigada a pensar em tudo ....

No último ano,  viveu-se um desafio imenso de trabalhar pintura e papel mache com adolescentes de escola estadual uma vez por semana - durante o dia todo -( 4 turmas) em município distante uma hora de onibus, sendo necessário pegar mais um até o que levava próximo à escola.

 Era preciso levantar as 5 da manhã para não perder a hora. E voltar para casa sete e meia da noite por não haver outro horário para vir embora.... Exaustivo...Para ganhar 220 reais tirando 40 de onibus, mais algum lanche  ou  material que fosse acrescentado para o desenvolvimento das atividades...

 De fato uma grande dedicação mais voluntária e mesmo sendo bastante frustrante ... numa série de aspectos  foi levado até o fim com muita luta- e com pequenas conquistas e glórias inesquecíveis- apesar de tudo... do mes de abril  a dezembro de 2011.

Em março de 2012 - com as quedas e as limitações físicas de caminhar devagar... fomos  a uma nova escola para uma experiencia semelhante; mas não pudemos dar continuidade; emocionalmente não tínhamos  mais força para dar conta 
do desafio novo , em lugar desconhecido, com pessoas novas, regras diferentes... enfim... desistimos ; estacionamos.

Graças  a Acumpuntura superamos os problemas depois de tres meses de tratamento e passou a ser imperioso analisar o que vinha sendo feito e o que deveria ser feito dali em diante....

Impressionante como nos abate  o dia seguinte de um grande abalo em todo o nosso ritmo de vida...
Parece que não se fez nada nunca antes  e que sempre  se esteve estacionado vendo a vida passar... 
Preocupar-se muito com o que os outros tem a dizer sobre sua vida; Abrir comportas por onde   mexeriqueiros possam entrar e chafurdar a vontade... ; permitir que imaginem o que não existe.
Tudo tem influencia na sua vida.

Manter-se com saude  tambem depende de estar a salvo dessas ervas daninhas  que toda sociedade deixa crescer, permite que se alastre por todo lado ...se afogando, se enredando muitas vezes por puro acidente de percurso...

Aprender a viver é mágico,  sobrevoar canions, desfiladeiros íngremes; ir ao encontro de suaves, quentinhas , acolhedoras, compreensivas e sábias , pessoas de sua familia ou de seus amigos... não precisava ser um  conto de fadas ,
deveria ser nosso dia seguinte  ...

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