quarta-feira, 12 de junho de 2013

Minha irmã, vive...

MINHA IRMÃ
                                               foto de Fatima abrão de celular

Junho é mes de tanta coisa interessante...
como pode ser tambem de saudade.
E saudade não é só de coisa boa nem só de coisa ruim ...
é de pessoas , que amamos e gostamos de lembrar...

Minha irmã- me faz falta tua existencia por aqui... digo por aqui pois é difícil
ficar pensando no estado atual de provável volatividade de alma que após 
a morte física as criaturas alcancem ficando mais próximas do que nunca de nós...

Gosto de lembrar de seus apelos por telefone... :"-venha cá mana... ! Porque voce sumiu,
onde voce anda ? Que voce anda fazendo? Venha almoçar comigo, tomar um café!"

Nunca ou - talvez uma ou duas vezes tive espaço social em minha casa, organizado para poder recebe-la assim como me recebia...O que significa dizer que embora adorasse nossos encontros, profundamente afetuosos, totalmente fraternos, e muito solidários, era unilateral o esforço para alcançar essa comunhão. 

Vinte anos mais velha do que eu, altamente antenada com tudo que dizia respeito as alternativas de superação das dificuldades quer terapeuticas da new age, como de uma prática disciplinada e diversificada de laboriosa concretização de meios para sobreviver com sua familia como para amparar e erguer - tantas vezes quantas necessarias, os membros da familia ( por parte de sua mãe), em que tinha 6 outras pessoas ( nosso vínculo era por parte de pai) as quais devotava incondicional carinho , amor e apoio.

Autoeducada e personificando uma distinção única - era uma pequena senhora de cerca de metro e meio de altura... mas que não deixava por onde andava menos que uma altitude imensa pelo espírito ínteiro elegante e simples de se posicionar no mundo .

Pode-se dizer que nos entendiamos com o coração.
Uma delícia tudo que fazia na cozinha... desde seu kibe, perfumado e saboroso; o café sempre bom.

A alta condição de ouvir e a inteligencia direcionada para buscar os pontos a interferir para promover o outro a seu próprio progresso , numa visão extraordinária e precisa do que era importante ser feito pra que todos se dessem bem, ficassem bem na vida...

Sua hora mais desocupada se transformava em benefícios para os outros desassistidos por algum lado... irradiando a possibilidade de atender algum limite cruel em que se vissem outras pessoas -fossem ou não, próximas a  ela...

A administração de carencias , assim como a realização de desejos... como um carro novo, uma casa na praia, uma mesa farta e saborosa... uma roupa elegante, uma casa agradável e ecolhedora...eram metas a que convergiam a energia , os recursos, a evidencia da colaboração  dos membros de sua familia...onde cada um participava dos progressivos sucessos da vida em comum.

O abraço , quentinho e acolhedor, solidário, generoso  mas assim como tambem:- justo... suas medidas, a todos eram anunciadas como finitas... mesmo que se vislumbrasse no seu coração - uma contradição em que se podia apostar que ela ainda abriria a porta pra alguem que não se equilibrasse , novamente e o ajudaria pela milésima vez... por puro amor aos seus!

Quase que uma ideal maneira de ser e viver... !

Dois anos antes de falecer por efizema pulmonar como nosso pai, me telefonou para Novo Hamburgo - 
dizendo : -..."Oi, mana, tudo bem?
Eu não, não estou muito bem... sim, problema de saude grave.. não tenho muito tempo mais de vida, pelo que o médico me disse e não queria deixar de te avisar, mana... ; acho que já vou indo... Prá onde? Ah, pra algum outro planeta, eu acho."

Levei na brincadeira de forma séria dizendo-lhe que não devia me abandonar sózinha nesse mundo perverso...

Pude vê-la uma única vez numa viagem a Curitiba, em que ela estava hospitalizada... Eu havia ganho um monte de alfavaca -tempero que ela usava nos kibes pra perfumar e deixar mais gostoso...Fui lá no hospital em que ela se encontrava... o "Nossa Senhora das Graças" - o melhor de todos.... minha amiga - a freira com quem me assisti (espirutalmente e médicamente ) na gestação toda de meu filho, anos antes, me disse por meias palavras prá não ter falsas esperanças... minha irmã não poderia sobreviver a tudo o que estava passando...

Fiz uma fricção com aquelas folhas frescas e numa oração , impondo-lhe as mãos , desejei firmente que sentisse um alívio de sua dor... A medicação fazia com que ela cochilasse e entre um cochilo e  outro ela pediu a sua irmã mais nova que a acompanhou a vida toda- :_"Diga prá Fátima não desistir do livro dela...é importante ela ir atrás disso, diga pra´ ela..." Eu estava ali do seu lado com a sensassão de que não a veria mais... em vida... 
Mas jamais me sairam da memória as suas palavras pois eu nem acreditava mais que seria possível ainda executar o projeto do livro - (Papel Mache e seus usos- que estava para aprovação na Fundação Cultural de Curitiba havia tempo...) que se concretizou em 2002.

Sinto muito sua ausencia...  Gostaria de que ela pudesse estar ainda muitos anos na vida dos seus- de seu netinho João, querido demais por ela - de quem comentava - :_"esse menino, Fatima é uma máquina... não tem sossego... inteligente que só ele... Já o Pedro é meu doce, um doce só... da vovó Malu!"

Posso dizer que tive uma irmã. 

E posso dizer que sinto saudades dela, mesmo crendo que não se acabou pela morte, mas encontro-a as vezes na minha cozinha sugerindo faça assim , faça assado... Ou em situações da vida, me pedindo, docemente que não desanime, caminhe ... vá em frente... Que somos filhas de um príncipe, que papai era um príncipe de gestos elegantes e diplomáticos... que devemos nos lembrar disso e nos orgulharmos muito ...

Mal sabia ela que ele havia me dito várias vezes - não ter conhecido tamanha distinção em outra pessoa- ele a admirava fortemente como a  uma guerreira infatigável ...
 Da mesma forma que reputava a sua irmã mais nova com quem vivia, a perfeição. 
Como em nenhuma outra pessoa conhecera , tamanha correção, integridade e perfeição  , a única pessoa a quem minha mana aceitou plenamente e ela correspondeu a  maxima, pois fora viver com ela e...a quem devia estar reservada grande fortuna por todos seus merecimentos...
E tinham um entendimento sobre o que deveria ser feito em todas as ocasiões, de tal modo, que formavam uma parceria quase invencível... 

Difícil traduzir meandros de doçura partilhada, de alegrias e gargalhadas nas nossas conversas intermináveis da cozinha de suas casas...

Digamos que saudade baste.







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