sábado, 13 de outubro de 2012

Ao mestre- Malba Tahan, uma homenagem!







                                                    Mestre Malba Tahan -

 - e a arte de ler e contar estórias!


                   1970- todas as alunas do João Macedo Filho , num embriagado silencio ouviam aquele professor alto e corpulento mas que sabia
modular sua voz com uma precisão incrível 
naquele auditório imenso, a prestar muita atenção
nos seus enigmas matemáticos... 


Malba Taham era seu nome fantasia, não lembro exatamente, todo seu verdadeiro nome, mas sem dúvida sabia o que fazia ao propor-se falar-nos da arte de ler e contar estórias;- didaticamente os pontos altos de uma estória;
as nuances de voz para cada momento ,
dependendo da narrativa... 

Me lembro de ter ficado tão encantada que pedi
(coisa rara em minha vida) a meu pai- um dinheiro para comprar um exemplar do livro mais famoso do palestrante -que continha a maior parte das estórias que ele contara no curso...chamava-se:" O homem que calculava".
Meu pai juntou seus trocados e me deu o suficiente,  e pude compra-lo ; era um lindo livro, tinha apelos orientais na capa e pedi que meu pai me dedicasse em àrabe, o que ele fez...numa das primeiras páginas... 

Apegos ou desapegos, uma dessas pessoas amigas a quem tanto faz como tanto  fez  o sentimento alheio, levou-o por empréstimo e nunca mais o vi.
È claro que voce pode se sentir bem em ter proporcionado a alguem uma leitura
como essa ou qualquer outra, e isso te bastar...

Afinal , sendo ou não aquele o único livro que voce teria de lembrança de uma vivencia com seu pai, de uma partilha cultural legal de sua época, só a voce importaria... a ninguem mais... 

O fato incrível é  que desse dia em diante ,
não pude mais sentir nessa amizade 
o mesmo chão amigo de fato , pois se não era possível haver esse fato reservado
em respeito pelo meu sentimento 
como poderia desejar 
desenvolver respeito maior?

As estórias , dizia Malba Tahan, algumas delas, 
tem uma moral.
Servem para trazer aos ouvintes algo motivador , recuperador, impulsionador, instigador para lutar por dias melhores, por ideais mais profundos, por sonhos aparentemente inatingíveis...
e o papel de pessoas como nós, professores , 
que era no que estávamos nos tornando - 
era também atingir os estudantes com a força da moral realizante, transformadora, 
de sentido e de entrega e concretização dos sonhos...

Deitar os olhos no amigo real , 
desmistificar o amigo do sonho,
perceber que não há possibilidade
de edificar um castelo forte na areia , 
mas um fugás e belo modelo estético 
para uma exposição efêmera;

considerar que um professor não será obrigatoriamente  um mestre, 
mas  poderá produzir-se com seus estudantes 
um estudante tambem de novo
e assim mostrar-se um mestre aprendiz- exemplar- 

em que suas virtudes de honesta ignorância,
de sincera pobreza e simplicidade de meios,
virá a fazer convergirem fortes recursos 
nem  sempre esperados, sequer suspeitados muitas vezes, da enorme misericórdia divina , de onde brotam só os saberes mais verdadeiros e interessantes em cada  plano de vida que estiver em jogo numa dessas turmas de alunos que se possa encontrar um dia  numa sala de aulas...

Um mestre- vai estar, teoricamente, de pé no chão, vai vestir-se como um   homem comum, não virá falar coisa vã... mas vai dizer de amor, de flor , e de sol, e de alegria, e de novos e melhores dias... mesmo  que no seu coração exista uma dor profunda cortando de lado a lado -por alguma razão só sua... para os que vem até ele , na sua essência, um mestre vai rir e vai chorar um momento feliz...para ensinar a virar o jogo... para mostrar como fazia - o homem que calculava... do mestre Malba Tahan daqueles  anos... lá atras... 

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