sábado, 20 de outubro de 2012
O não do dizer e o sim do dito
Minilivros-oficina de Italo Rovere-Feira do Livro -Poa-2011
O não do dizer e o sim do dito
Hoje , dei um ligeirão e devorei o :" A hora da estrela " da Clarice Lispector.
Não: não escolhi exatamente esse livro; tenho carteira como pessoa da comunidade que tem ao alcance por cortezia da Universidade Feevale algumas coisas- e uma delas é poder retirar livros com tarjas verdes da biblioteca.
Apesar de haver uma boa coleção de obras de Clarice - nem todas tem muitos exemplares, e como os alunos precisam tambem, ficam indisponíveis à comunidade.
Essa iniciativa , a UNISINOS tambem tem,
basta que a pessoa vá até lá e faça sua carteira de acesso ,pelo menos era possível há um tempo atrás.
Um acervo desses - nos facilita muito , pois nem sempre podemos comprar todos os livros que queremos ler... e nem tampouco temos lugar onde guarda-los.
Verdade que as vezes muitos acervos demoram a atualizarem-se por disporem de verbas direcionadas a algumas àreas mais que a outras... , ou até mesmo- não terem espaço mais onde colocar os livros novos...
Bem , mas o - ligeirão- não deveu-se ao prazo de devolução do livro; tenho reservado pouco tempo para leitura dessas assim de roldão... que entra no livro e só sai quando termina...
Fui ver não faz um mes a Bety Goulart - atriz de fama nacional, aqui em Novo Hamburgo- num monólogo de textos de Clarice - intitulado "Simplesmente -ela"- razão que moveu a buscas por aproximação com sua literatura correndo...
Consegui ler aí na internet mesmo- o conto tão famoso - "O 0vo e a galinha"... e queria muito encontrar outras coisas mais...
"A hora da estrela" - por acaso do acaso , vem a ser um retrato dos mais honestos- impossível- do que a vida diz em -não-para uma pessoa...:voce não é saudável; não é bonita; não merece conforto; não merece uma familia; não merece amor; não merece carinho; não merece esclarecimento; não merece ser cultivada; não vai saber nunca o que é cultura; voce não devia ter nascido, mas já que nasceu, sim - fique aí.
Em seu texto ela inicia com o dito:-"...tudo no mundo começou com um sim uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida."
..."Pois não há momentos em que a pessoa está precisando de uma pequena mortezinha e sem nem ao menos o saber?"
e... ao fim...: "...desculpai-me esta morte.È que não pude evitá-la, a gente aceita tudo porque já beijou a parede(...)
Viver é luxo..".
Em tudo ela se refere, como narrador , no masculino nessa obra, ao personagem que faz nascer, uma nordestina, pacata datilógrafa de repartição a viver sua vidinha no Rio de Janeiro;
nascimento de personagem em que se produz o nascimento de narrador e de escritora e de leitores -com certeza, e de toda uma cosmogonia implacável - que nos força a calar tudo o que temos negado uns aos outros e
ao mesmo tempo impele a gritar o ardido e sufocante ,
doído e intolerável , um insuportável grito de morte - aquele de cada instante...quando uma luz -
mais uma se apaga... mais uma morte se escreve...
o narrador a quiz,
o escritor a relatou pois a viu na vida ali,
e da vida , foi dito sim... ela morreu...
o personagem da escritora... que vivera o livro todo,
numa agonia toda nossa , e semelhante ;
negando a vida- todo dia, fez renovar-se a história
até que uma grande consciencia
de uma grande força -
uma batida de um carro
amarelo de luxo
a derruba de vez na rua-!
Resolveu parar uma vida que não era de viver mas de morrer já fazia tempo- desde que tinha nascido talvez... pois nem tinha merecido... ninguem disse que era pra ter vivido...
Coisa sem retoques é o mínimo que se pode dizer ...
esse livro
que fala de uma tal Macabea alagoana, sem querer (não tenho certeza, vá saber...) falou comigo, pois andei beijando arvore será que é o mesmo que beijar parede?...que me mata o personagem logo quando a vidente (acabei de consultar uma que me disse que...);que diz que é mentira tudo... não , ninguem sabe...nada direito; que pode ser que Caruso cantasse samba; eu sei que ele veio para o Brasil... e se tiver cantado samba lá no Rio de Janeiro?
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