quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um Marciano diferente dos outros...

                 Marciano Schmitz-(14.05.1953) 
artista ativo da comunidade artística hamburguense conhecido como pintor  escultor e professor das artes do desenho e da pintura.
Nossa homenagem e gratidão.

A chuva caiu e aos cântaros como dizem os gauchos...!Quando deu o que se diz "- o pé d'agua" do século... encontrei Marciano junto a outras pessoas buscando abrigo num grande toldo de uma Feira de Livro, na praça 20, no cento da cidade.Não havia nada que se pudesse fazer a não ser esperar a chuva passar...
Amigo de meu mano mais velho- Gilberto, professor de ingles e escritor; ele é tambem junto a alguns poucos artistas - da região do Vale dos Sinos, um profissional que une técnica , e suavidade nas cores , e em suas temáticas se observa um sobrevoo as tradições folclóricas e literárias do Rio Grande do Sul, - tendo realizado grandes painéis sobre a obra de Simões Lopes, com suas lendas como a da Salamanca do Jarau, entre outras...
Muitas vezes tive a de sensassão de que se estava em frente a uma revivencia de Rafael,  pela felicidade e harmonia de sua obra por mais dura a realidade que comunique  ...
Uma vida inteiramente voltada a arte, tem em sua história momentos altos como por exemplo a pintura atras do altar na Catedral Metropolitana de Novo Hamburgo, a Igreja São Luiz, em cujo interior belíssimo se veem tambem pinturas de Aldo Locatelli, nas laterais , com interessante colorido e performance pictórica...
Marciano integrou um movimento  que marcou a evolução da arte no municipio, quando com Carlão de Oliveira tinham em um atelier em Hamburgo Velho seu local de trabalho.
Nesse momentinho, enquanto a chuva não passava- me atrevi a falar de um plano que tinha - perguntando o que ele achava- :queria pintar retratos dos artistas conhecidos  e fazer ao final uma exposição homenageando todos  eles...
Mesmo reconhecendo  ser eu- autodidata e com pouca prática, na mesma hora seus olhos brilharam e ele concordou -"... faça isso! Faça mesmo- pois nós vivemos nos dizendo uns aos outros que precisamos fazer  esse registro e ninguem faz nunca... Não importa - faça do seu jeito, mas faça....Fale com o Carlão, a Ariadne, o Scholles, o Mae, a Maristela, fale com o Rogerio , o Rauber; fale com todos eles- diga que eu estou contigo, que estou dando a maior força e va em frente...Quando quiser estarei a disposição, é só me ligar e marcamos uma hora...  e voce vem em meu atelier e faz seus esboços..."
A chuva deu uma amainada e fomos cada qual ao seu destino. Minhas pernas  tremiam ; meus pés nem tocavam o chão- : tinha conseguido o apoio de uma autoridade na arte de Novo Hamburgo e região para iniciar minha ousada empreitada -retratar artistas contemporâneos ...!
Nem suportes, nem tintas, nem pincéis... só uma vontade enorme... foi daí que fui ligando para um, para outro, e fui ao seu encontro aqui , ali, até conseguir reunir um tanto de estudos e começar a pintar. 
Débora Sarmento administrava com Jane Schmitt e Lilian Schmitt -( aquarelista esta última , cujo trabalho nos agrada muito)...a Casa 1173 - que durante um bom tempo catalizou a atenção da comunidade artística em realizações de exposições e cursos de toda ordem-  sediada em Hamburgo Velho, bairro de início da povoação da cidade. Débora alcançou-me algum material em cartazes refugados - constituiram-se em cartões de boa textura e suporte adequado para essa experiência que se pretendia sem  ou com poucos custos, já que não tinhamos reservas e nem patrocínios com que contar... naquele momento . 
Vera Costa- amiga e curadora de nossa segunda individual no Shopping de Novo Hamburgo em 1995, nos alcançou um saco plástico com tintas acrílicas de várias cores, dizendo que não as usaria e queria contribuir...
Era o ano de 2000, começando com  um projeto muito audacioso, com resultados de vários estudos e cerca de 23 retratos que foram expostos modestamente numa primeira vez no saguão do Jornal NH, e numa segunda ocasião no saguão do Centro Municipal de Cultura.
Meu mano e sua Escola de Língua Inglesa -  Conquest, patrocinou um coquetel para a abertura.
Não é possível esquecer esses tempos de riquíssima experiência , trocas emocionantes com os artistas, seu generoso coração que em nenhum momento questionou se ia ou não dar tudo certo, se os trabalhos resultariam ou não em algum sucesso...técnico e pictórico...
A antiga história de que se aprende a fazer - fazendo, foi testada a farta; alguns dos retratos obtidos, não puderam nem se atrever a querer expressar  ao artista em questão - pois não havia explicação plausível- mas as características na execução expressavam outro ser...aparentemente...!
Angustiante- drama de quem quer mais do que pode, tortura de quem não penetrou nos meandros da arte o suficiente para querer mais do que conseguiu...Em nada nos abatíamos... por incrível que pareça- parecia que por uma determinação interna vigorosa - era aquilo que podiamos e que tinha que ser feito num  primeiro exercício...de aproximação com esses personagens tão preciosos da história do pensamento e da arte do Vale e que apesar da  fama de deuses da vaidade, são isto sim verdadeiros heróis da luta pelo desenvolvimento cultural- que nas artes plásticas fazem valer suas falas, e quando são expostas- já percorreram um árduo e solitário caminho de aprendizagem, entendimento e aperfeiçoamento humano - tambem social.
Toda a comunidade onde estão inscritos, se eleva com eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário